quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um momento de poesia no bloguinho...


Voltemos ao soneto ( e ao amor que o sustenta). Mário de Andrade, vate do  século XX e um dos  impulsores do modernismo, em 1937 ainda remanescia com poemas na  forma de soneto. Este que aí vai, de uma beleza singular, aponta para a permanência e continuidade do lirismo e da emoção.

Olhem só:

                                             SONETO

Aceitarás o amor como eu o encaro?
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente. 

Tudo que há de melhor e de mais raro
Vive no teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente. 

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas. 

Que grandeza... A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições.  O encanto
Que nasce das adorações serenas.
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VHCarmo 

Um comentário:

  1. Meu querido amigo Victor Hugo


    É sempre prazeroso ler o que você escreve e o que você publica de outros autores. Sobre o AMOR, gosto muito do que disse Carlos Derummond:



    Eu te amo porque te amo.
    Não precisas ser amante,
    E nem sempre sabes sê-lo.
    Eu te amo porque te amo.
    Amor é estado de graça
    E com amor não se paga.

    Amor é dado de graça
    É semeado no vento,
    Na cachoeira, no eclipse.
    Amor foge a dicionários
    E a regulamentos vários.

    Eu te amo porque não amo
    Bastante ou demais a mim.
    Porque amor não se troca,
    Não se conjuga nem se ama.
    Porque amor é amor a nada,
    Feliz e forte em si mesmo.

    Amor é primo da morte,
    E da morte vencedor,
    Por mais que o matem (e matam)
    A cada instante de amor.

    um abraço,
    Beto

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