Voltemos ao soneto ( e
ao amor que o sustenta). Mário de Andrade, vate do século XX e um dos impulsores do modernismo, em 1937 ainda remanescia com poemas na forma de soneto. Este que aí vai, de uma
beleza singular, aponta para a permanência e continuidade do lirismo e da
emoção.
Olhem só:
SONETO
Aceitarás
o amor como eu o encaro?
...Azul
bem leve, um nimbo, suavemente
Guarda-te
a imagem, como um anteparo
Contra
estes móveis de banal presente.
Tudo
que há de melhor e de mais raro
Vive
no teu corpo nu de adolescente,
A
perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar
preso no meu, perdidamente.
Não
exijas mais nada. Não desejo
Também
mais nada, só te olhar, enquanto
A
realidade é simples, e isto apenas.
Que
grandeza... A evasão total do pejo
Que
nasce das imperfeições. O encanto
Que
nasce das adorações serenas.
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Meu querido amigo Victor Hugo
ResponderExcluirÉ sempre prazeroso ler o que você escreve e o que você publica de outros autores. Sobre o AMOR, gosto muito do que disse Carlos Derummond:
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.
um abraço,
Beto