Um momento de poesia nesse bloguinho não se afasta
do soneto. Recusa-se a julgar que este tipo de poema é velho e desbotado. Não
é. Poucos versos, contidos na hermética
das rimas contadas, expressaram tantas emoções e foram tão cantadas pela oralidade dos menestréis. O soneto
serve-se à música e ao canto.
O soneto, aqui repita-se, é como um relicário repleto
de joias de amor e dramas humanos que a nossa literatura reservou e guarda para
sempre.
Olhem só este soneto
do poeta Correia Junior (José Correia Junior) alagoano da cidade de Pilar (1893).
PUDOR.
Ama-me assim, sem ânsia nem clamores,
sem amostras no olhar de coisa alguma,
num silêncio feliz, num gesto, em suma,
furtivo às aparências exteriores.
Deixa que o teu amor a paz resuma
dessas noites propícias aos amores,
em que o grito das luze e das cores
ficam velados através da bruma.
Ama-me assim, como se as nossas vidas
duas árvores fossem diferentes.
por desiguais radículas nutridas...
E, como se a alegria que abafamos
amargasse nos frutos renascentes
e entristecesse os pássaros nos ramos.
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VHCarmo.
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