quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BLINDAGEM CRIMINOSA...

A irresponsabilidade com que a mídia controla, omite e manipula politicamente as notícias, tem como uma das conseqüências o desconhecimento da extensão da terrível chacina diária que vem ocorrendo em São Paulo, onde uma verdadeira guerra civil vinha e vem se travando. Nada, ou quase nada, se noticiava, poupando-se determinados políticos e seu partido.
Naturalmente preocupada com uma possível vitória do Haddad, que acabou acontecendo, nada veio a tona dessa guerra que ora passa a ser conhecida pelo resto do país.
A imprensa se ocupava exclusivamente com o julgamento do mensalão e com a possibilidade de sua influência nas eleições, particularmente, na eleição do homem mais carismático da baixaria e privataria tucana, o Zé Cerra.
Só agora quando se atingiram níveis insuportáveis, a blindagem do governo do Estado  e seu governador cedeu em parte e permitiu ao país saber da gravidade da guerra.
A imprensa tão ágil em atacar o governo do PT, inclusive usando mentiras e adulterando notícias, se revelou silenciosa.  Agora não deu para segurar. A TV Record foi ao cerne, focalizando as noites de terror na capital e entorno.
A Presidente Dilma teve que convocar o Governador e ajustar com ele medidas urgentes. Note-se que apesar de tudo há uma resistência  à ação conjunta que agora se inicia, ainda com reservas, pois o Estado se recusa ao uso de tropas federais. Limita-se à “inteligência” no combate ao crime e remoção dos chefes do crime organizado.
Indaga-se: quantas vítimas tombaram enquanto o Governo de São Paulo permaneceu blindado pelos Jornalões e Revistas ?
O País clama pela regulação da informação para torna-la democrática, deixando de servir aos interesses de grupos empresariais que detém, em quase monopólio, a veiculação de notícias no país.
O Blog Cidadania do  festejado jornalista Eduardo Guimarães faz coro com este humilde blogueiro, na indignação contra a criminosa omissão dos meios de comunicação que tantas mortes ocasionaram.

Olhem só:

São Paulo sob terror e Alckmin segue blindado contra críticas.

A região metropolitana de São Paulo – capital e cidades do entorno – está sob um legítimo ataque terrorista. Muito mais grave, até, do que os que ocorrem no Oriente Médio.

A diferença é que as pessoas, na maioria das vezes, não são mortas por atacado, mas as mortes se prolongam por meses a fio e ocorrem todos os dias.

Nos últimos meses, porém, o problema se agravou além do suportável.

Quando cai a noite, na mesma periferia da capital que acaba de eleger Fernando Haddad essas mortes chegam – ou ultrapassam – uma dezena por dia.

Escolas, estabelecimentos comerciais e as populações desses bairros têm que obedecer a toque de recolher da facção criminosa PCC.

Policiais aterrorizados, ameaçados por execuções sumárias, contribuem para engrossar as estatísticas macabras atirando primeiro e perguntando depois.

A imprensa paulista se limita a relatar a situação e, pasme-se, a alardear “êxitos” do governo do Estado no combate aos criminosos. E não faz uma mísera crítica às autoridades locais.

Apesar de a Segurança Pública ser responsabilidade direta do governo do Estado, a questão é apresentada como de responsabilidade principal do governo federal.

No último domingo, no programa Domingo Espetacular, da Record, a cobertura discreta e sóbria sobre uma situação de virtual guerra civil foi apresentada de forma mais realista.

Todavia, o mais próximo que chegou de criticar o governo do Estado foi relatar um “acordo” entre esse governo e o PCC lá em 2006, quando o problema começou a se agravar.

Os colunistas dos jornais locais, sobretudo dos grandes – Folha de São Paulo e Estadão – ou das revistas semanais, todas sediadas na capital paulista, não fizeram, até aqui, uma só crítica ao governador Geraldo Alckmin.

Talvez a falta de críticas a autoridades se explique porque o problema (ainda) não chegou aos bairros do centro expandido da capital.

Nesse momento, vem à mente a cobertura do “caos aéreo”, anos atrás. Durante meses, todo santo dia o governo federal era trucidado em horário nobre e nas manchetes dos jornais. Os colunistas tinham ataques histéricos dia sim, outro também.

As centenas de mortes por execução sumária praticadas pela polícia ou por bandidos parecem ter muito menos importância do que voos atrasados e madames histéricas.

Detalhe: o governo do Estado comanda as polícias civil e militar e o sistema carcerário. O governo federal só pode agir diretamente com permissão de Geraldo Alckmin, que não autoriza para não passar recibo do seu fracasso na Segurança.

Agora, pressionado pelo desastre, Alckmin aceitou apenas colaboração em termos de “inteligência”, mas continua resistindo a tropas federais.

Aí a explicação para a vitória do PT na maior cidade do país, reduto do partido do governador. Vitória que ocorreu justamente por ação dessa periferia abandonada em plena guerra civil.

Para poupar o governo do Estado, nenhum nível de governo está sendo criticado pela mídia. Quando essa tragédia chegar aos bairros “nobres”, a culpa será jogada no governo federal.

A situação em São Paulo só chegou a esse ponto porque, desde que o problema se agravou lá em 2006, a imprensa se calou.

Eduardo Guimarães.
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VHCarmo.

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