sábado, 21 de julho de 2012

UM MOMENTO DE POESIA (é algo mais).


                    Os generosos leitores deste humilde bloguinho já devem ter notado a preferência que ele tem pelo soneto como forma de poema.  Na certa será pela síntese  com que atinge o sentimento e pelo rebuscado do verso, sem gongorismos.  Será, também, que é pela forma na qual se libera, da alma, segredos e sentimentos em  cuja expressão se escoa tão singela?.  Pode ser!.
                           O soneto, ao seu tempo maior do fim do século  XIX ao meio do século XX, ensejou, como neste que aí  vai e em outros que aqui foram transcritos, a manifestação da paixão e do amor feminino,  rompendo o natural recato de um  tempo em que à mulher reservavam-se o lar e a família.


Da jovem poeta Carmen Cinira  (Cinira do Carmo Bordial Cardoso - Rio de Janeiro - (1905/1933).


     INCANSÁVEL

Velho sonho de amor que me fascina,
causa das mágoas que me tem pungido
que, entanto, conservo na retina
como fonte de um bem inatingido...

Flama velada, cântico em surdina
de um'alma triste, um coração ferido,
nem pode haver linguagem que defina
o que eu tenho, em silêncio, padecido!

Mas, ainda que mal recompensado
meu amor há de sempre desculpar-te
humilde, carinhoso, devotado...

Bendito seja o dia em que te vi,
pois não  há maior glória do que amar-te
nem melhor gozo que sofrer por ti!
_____________________________________________ 
VHCarmo.   

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