Os generosos leitores
deste humilde bloguinho já devem ter notado a preferência que ele tem pelo
soneto como forma de poema. Na certa
será pela síntese com que atinge o
sentimento e pelo rebuscado do verso, sem gongorismos. Será, também, que é pela forma na qual se
libera, da alma, segredos e sentimentos em cuja expressão se escoa tão singela?. Pode ser!.
O soneto, ao seu tempo
maior do fim do século XIX ao meio do
século XX, ensejou, como neste que aí vai e em outros que aqui foram transcritos, a
manifestação da paixão e do amor feminino, rompendo o natural recato de um tempo em que à mulher reservavam-se o lar e a
família.
Da jovem poeta Carmen Cinira (Cinira do Carmo Bordial Cardoso - Rio de
Janeiro - (1905/1933).
INCANSÁVEL
Velho sonho de amor que me fascina,
causa das mágoas que me tem pungido
que, entanto, conservo na retina
como fonte de um bem inatingido...
Flama velada, cântico em surdina
de um'alma triste, um coração ferido,
nem pode haver linguagem que defina
o que eu tenho, em silêncio, padecido!
Mas, ainda que mal recompensado
meu amor há de sempre desculpar-te
humilde, carinhoso, devotado...
Bendito seja o dia em que te vi,
pois não há
maior glória do que amar-te
nem melhor gozo que sofrer por ti!
_____________________________________________
VHCarmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário