Defrontam-se,
mais uma vez, as questões sobre a ética subjetiva (pessoal) e política, ora em
face da aliança do Partido Progressista com o Partido dos Trabalhadores na
eleição para prefeito do Município de São Paulo.
A atuação de qualquer partido, no jogo político, tem como objetivo a conquista do
poder em disputa, igualando-se todos quanto ao uso dos meios legais, políticos lícitos
para a sua consecução.
O
PP tem seus objetivos legítimos ao aderir à aliança e também os tem o PT. Favorece a aliança o fato de o Partido Progressista já integrar a base aliada de apoio ao governo federal, sem qualquer
contestação.
Os interesses que movem esses dois partidos,
ora aliados, têm também algo em comum na disputa pela prefeitura paulista, posto que, se
não os tivesse, estariam desfigurados como partidos.
O
que, naturalmente, causa alguma perplexidade é que no Brasil estamos
acostumados a exigir dos partidos da esquerda democrática que se subordinem
politicamente a uma ética subjetiva, com laivos moralistas, que, no entanto, não o exigem dos partidos de direita e conservadores.
De
logo, o “escândalo” se formou, na mídia até com a exploração de foto, em torno
da presença de Paulo Maluf. Ora, ele não é o Partido Progressista, é apenas um
de seus membros, em cujo quadro militam vários políticos respeitáveis de longa
história e de diversas origens.
Por outra parte, o Partido Progressista tem
integrado alianças com outros partidos, inclusive, com o PSDB em várias
ocasiões e lugares diferentes do país, sem que as invocassem como antiética pela
presença de Maluf como integrante do PP.
Diga-se,
a bem da verdade, que Paulo Maluf no seu partido e na política brasileira é uma
questão complicada, pois apesar de tudo que pesa sobre a sua honorabilidade,
continua imune a qualquer condenação, exercendo mandato popular e os “crimes” a
ele atribuídos são relevados pela mídia que sobre eles silenciam. Ele continua disputando eleições, enquanto outros são marginalizados sem maiores indagações.
Isolar
o Partido Progressista do jogo político, invocando as condições pessoais do deputado Paulo Maluf,
evidentemente, seria uma afronta ao partido e ao próprio sistema partidário. Os problemas pessoais dele não o impedem de
ser um dos maiores detentores do voto popular, em São Paulo e, até aqui, não se conseguiu impedir a sua participação.
O
fato de o candidato do PT, Fernando
Haddad, ser apoiado pelo Partido Progressista, não altera as condições em que Maluf milita na política paulista e nacional nem na atuação de seu
partido que, ademais, como afirmado, mantém aliança com os mais variados
partidos e em vários municípios e tem membros e militantes de reconhecida importância e respeito na política do pais.
De
lembrar-se que na corrida eleitoral para o Planalto, em 2010, Maluf e o PP estavam ao
lado de José Serra e contra Dilma, ou seja, contra o PT e, então nenhuma violação da ética foi invocada pelas revistas e jornalões. O PP seguiu, então, alinhado à
oposição.
Do
ponto de vista do Partido dos Trabalhadores a situação atual é singela: sua
meta é vencer as eleições para prefeitura de São Paulo, sendo esta uma meta
legítima, e a sua vitória, além das implicações políticas positivas no âmbito
federal, se conseguida, quebraria a hegemonia dos governos tucanos/demo (psd) que
apresentam um retrospecto altamente negativo, inclusive nas pesquisas, sobre o seu
desempenho no governo da maior cidade do país, principalmente pelos índices
alarmantes da violência, no caos dos transportes urbanos, no trânsito caótico,
na educação e na saúde.
O
objetivo de qualquer partido político, repita-se mais uma vez, é alcançar o
poder para exercitar os seus projetos de governo que defende na campanha
eleitoral; para tal são legítimos os movimentos de natureza política - como a
aliança PP-PT - celebrados dentro da
ética própria e respeito à disciplina legal e eleitoral vigentes.
Tanto as alianças das oposições ao governo do
município de São Paulo, como as da situação, têm o mesmo direito de atuar, dentro
da legalidade eleitoral democrática para chegar ao poder. A
mídia é que procura deslegitimar aquelas que não satisfazem seus desígnios e
opções políticos.
A vitória de Hadadd é o objetivo do PT e dos partidos aliados que lutam para mudar o quadro caótico da cidade governada pela aliança tucanos/psd/dem. Isto é que importa.
_________________________________
VHCarmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário