Classificar e despender
conceitos formais sobre a poesia brasileira dos anos 30 a 60 do século XX, ainda não é tarefa concluída pelos nossos
críticos literários. A liberdade dos versos dos poetas de então, herdeiros do romantismo, revelam uma poética que prima pela emoção. Ora
uma expressão de amor quase
ingênuo; outra de uma dor mesclada de
paixão e angústia: assim encantam. São poemas que servem à oralidade e ao
discurso por sua musicalidade a que emprestam.
Vinicius de Morais é
exemplo brilhante. Este belo e conhecido poema
na forma de soneto é uma síntese daquele saudoso tempo.
Olhem só:
SONETO DA FIDELIDADE
De
tudo, ao meu amor serei atento
Antes,
e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que
mesmo em face do maior encanto
Dele
se encante mais meu pensamento.
Quero
vive-lo em cada momento
Em
seu louvor hei de espalhar meu canto
E
rir meu riso e derramar meu pranto
Ao
seu pesar ou seu contentamento.
E
assim , quando mais tarde me procure
Quem
sabe a morte, angústia de quem vive
Quem
sabe a solidão, fim de quem ama
Eu
possa me dizer do amor (que tive):
Que
não seja imortal, posto que é chama
Mas
que seja infinito enquanto dure.
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VHCarmo.
mesmo que a gente conheça o soneto, não é possível ficar sem ler até o fim.
ResponderExcluirE é emoção todas as vezes.
um abraço
beto