sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um momento de poesia (é algo mais).


                    Classificar e despender conceitos formais sobre a poesia  brasileira dos anos 30 a 60  do século XX,   ainda não é tarefa concluída pelos nossos críticos literários. A liberdade dos versos dos poetas de então, herdeiros do romantismo,  revelam uma poética que prima pela emoção. Ora uma expressão de  amor quase ingênuo;  outra de uma dor mesclada de paixão e  angústia: assim encantam.  São poemas que servem à oralidade e ao discurso por sua musicalidade a que emprestam.
                   Vinicius de Morais é exemplo brilhante.  Este  belo e conhecido poema na forma de soneto é uma síntese daquele saudoso tempo. 

Olhem só:

                      SONETO DA FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada momento
Em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim , quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
______________________________________________ 
VHCarmo.

Um comentário:

  1. mesmo que a gente conheça o soneto, não é possível ficar sem ler até o fim.
    E é emoção todas as vezes.
    um abraço
    beto

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