quarta-feira, 11 de maio de 2011

Ligeirinha volta à política..

                                    No momento que a impressa anuncia  recordes históricos  para a criação d o emprego formal no país, sendo no ano de 2010  de 2,8 milhões e nos oito anos do governo Lula mais 28 milhões; quando o salário médio do trabalhador supera R$ 1.350,00; quando o governo Dilma prossegue crescendo na confiança dos brasileiros, imprimindo o seu modo de governar, a oposição, mesmo com o valioso patrocínio da mídia, patina e se auto destrói, dividindo-se, sem encontrar um discurso com o qual deva se arrimar para encontrar um rumo, essencial à sua sobrevivência.
                                   O PSDB principal partido oposicionista tem como núcleo principal o Estado de São Paulo e como outro pólo o Estado de Minas. Em São Paulo instalou-se uma cisão entre Serra e Alkimin, acabando por gerar desistências de parlamentares em favor do PDS de Kassab que, por sua vez, não parece servir ao caviloso Serra. No outro pólo Aécio Neves tenta juntar os cacos e imprimir uma diretiva própria.  Aproxima-se a convenção partidária e a coisa parece ainda não delineada.
                           Sobre este assunto vale ler o que escreve o sociólogo Marcos Coimbra, colunista da Revista Carta Capital, num  belo texto publicado na imprensa. Veja-se:
                                        

                                      O Dilema Tucano Outra Vez

                                 Marcada para o próximo dia 28, a convenção nacional do PSDB vai acontecer em um momento especialmente importante para o partido. Talvez mais que em qualquer outra, nela ele se defrontará com escolhas decisivas para seu futuro.
Por extensão, para o futuro das forças políticas e sociais que fazem oposição ao PT e ao governo. Em função de vicissitudes de nossas eleições desde os anos 1990, o PSDB se tornou o principal e, para muitos efeitos, o único contraponto real ao petismo. Na vitória e na derrota.

Nada sugere que o quadro será diferente em 2014. Pelo que se pode antever, deve voltar a sair do PSDB o candidato oposicionista, pois das outras legendas (as que sobreviverem até lá) dificilmente algum nome emergirá.

(Se tivéssemos que apostar, o mais provável é que se repita um cenário parecido com o do ano passado: oposições unidas, em torno de um tucano, contra mais de uma candidatura egressa do governismo. Não foi isso que ocorreu com Serra versus Dilma e Marina?).

A convenção peessedebista é relevante, portanto, para o jogo político nacional e não somente para o partido. O que lá for deliberado tem consequências para todo o sistema político.

Com sua atávica predileção por ficar em cima do muro, as lideranças do PSDB conseguiram evitar uma confrontação que agora parece inevitável.

Na verdade, o que fizeram foi apenas circunscrevê-la, não deixando que se explicitasse e se tornasse uma guerra aberta.

Mas até as pedras da rua sabem que o PSDB está dividido entre duas correntes, o serrismo e o aecismo. Pelo menos nas questões nacionais, pois, nas regionais, há outras.

A mais relevante é liderada por Alckmin, mas seu horizonte é diferente. Enquanto Serra e Aécio só têm a presidência da República pela frente, ele pode voltar a disputar o governo de São Paulo (o que, se for bem-sucedido, vai fazer com que atinja a marca impressionante de permanecer no Palácio dos Bandeirantes por 14 anos, pulverizando o recorde de Ademar de Barros, de 11, contado o período como interventor).

Como também sabem as pedras da rua, Alckmin e Serra não se entendem, pelo menos desde quando o segundo sucedeu o primeiro e não o poupou de críticas a (quase) tudo que fizera.

Começou ali o pior período da carreira de Alckmin, que se acentuou quando, na eleição para prefeito da capital em 2008, Serra fez de tudo para eleger Kassab, pensando em ter o DEM a seu lado na eleição presidencial de 2010. Derrotado, só restou ao atual governador aceitar um posto subalterno no governo Serra.

Quem achou que essa era uma jogada de mestre de Serra vê agora que o efeito foi nulo, para dizer o mínimo. Hoje, Alckmin administra com seus aliados de primeira hora e deixou o serrismo ao relento.

Com boa imagem e apoio popular (pelo menos neste início de mandato), ele terá uma decisão complicada em 2014: se larga o estado (e corre o risco de ver o serrismo de volta) para disputar uma eleição difícil contra Dilma (talvez Lula) ou tenta continuar no governo. Faz sentido que opte por não sair de São Paulo.

Já Aécio e Serra não poderão evitar a disputa presidencial. Serra não terá nada nas mãos (pois é pouco provável que concorra à prefeitura de São Paulo) e o fato de Aécio ser senador só aumenta a possibilidade de que venha a ser candidato a presidente (pois também é pouco provável que queira voltar ao plano estadual ou encerrar sua carreira no Senado).

Nenhum dos dois parece disposto a ceder ao outro a vez. E nada indica que estarão mais propensos a isso adiante.

O PSDB pode deixar a decisão para a frente, como é sua tendência. Pode re-encenar o “colégio de ilustres”, convocando os caciques (FHC, Serra, Aécio, Tasso, mais um ou outro) para fingir que estão de acordo. Pode deixar que as pesquisas de opinião voltem a comandar a escolha quando tiver que sair de cima do muro.

A pergunta é qual identidade pretende assumir agora e nos próximos anos. Se quiser ficar com a que tem, basta não fazer nada e deixar que a convenção do dia 28 se esvazie. Se achar que perder três vezes é um sinal de que as coisas não vão bem e que precisa mudar, é bom que se prepare para o enfrentamento.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

_________________________________________
VHCarmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário