quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ligeirinha: é um poema.

                                Entre os grandes poetas do século IXX, ponteou o grande Vicente de Carvalho e, de par com a beleza dos seus versos, emerge sempre um certo desengano e uma persistente tristeza. Era sem dúvida uma característica marcante dos poetas daquela bela fase da poesia brasileira. Este soneto que aí vai, abaixo, de uma construção belíssima, aponta para um desencanto da vida e, porque não dizê-lo, para um profundo pessimismo. De qualquer forma prevalece a beleza e a harmonia de seus versos que emocionam e encatam.

                                                                    VELHO TEMA
                                                                                          Vicente de Carvalho.

                                                        Só a leve esperança , em toda vida,
disfarça a pena de viver, mais nada,
nem é mais a existência, resumida,
    que uma grande esperança malograda.

O eterno sonha da alma desterrada,
sonho que a traz ansiosa embevecida,
é uma hora feliz sempre adiada
e que não chega nunca em toda vida.
Essa felicidade que supomos,
árvore milagrosa que sonhamos
toda arreada de dourados pomos,

existe, sim, mas nós não a alcançamos
porque está sempre apenas onde a pomos
e nunca a pomos onde nós estamos.

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VHcarmo.

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