quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tempo oportuno para esse poema...

DRAMA DE CONSCIÊNCIA.

Se eu pudesse fugir
ao paladar amargo desse destino
que devora meus dias
pela borda da nossa história,
talvez não precisasse
varrer a varanda depois do crime.

Mas é que eu não sei ficar de fora
vendo sangue derramar na panela.

Eu não sei contemplar cardápio
e pedir língua de homem assada.

Nem sei esconder as lágrimas
atrás dos óculos
na hora triste do velório.

E se vocês pensam que sou perfeito
eu digo: não!

Eu também quebro pratos ao lavar a louça
e às vezes esqueço de regar as plantas.

Mas o que não admito de ninguém
é ficar sentado em cima do esqueleto
de algum sorriso humano.
_______________________________

Poeta Ricardo do Carmo.
do livro "Amor de consumo".

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