domingo, 24 de abril de 2011

Reflexões sobre o momento político e a oposição...

                                              O jornalista, cujo texto vai aí em baixo transcrito, é um dos poucos que não tentam mistificar, nem  minimizar a situação, que ora se configura no panorama político do país, para ocultar as dificuldades da oposição. As últimas manifestações dos principais líderes da oposição com destaque para Aécio Neves e Fernando Henrique demonstram que ela, a oposição, tem urgente necessidade de encontrar um caminho, um rumo a seguir, pois não só a realidade sóciopolítica do momento a afasta do povo, como não tem sabido definir o que entende por povo, passando a estabelecer distinções entre as camadas da população, estigmatizando-as como portadoras de determinadas ideologias em conflito. Essas idéias não fazem jus ao político mineiro nem ao Príncipe dos Sociólogos que se dizem socialdemocratas.
                                              A mobilidade  das classes sociais produzida pelo crescimento econômico do país não autoriza a esses analistas (LÍDERES) determinar que as camadas do povo ora em ascensão irão engrossar diretamente o eleitorado elitista, assumindo o seu ideário político conservador.
                                              É evidente que esta idéia mecanicista não tem raízes na realidade. É bem sabido que o advento de uma posição de destaque do Brasil no cenário mundial por força do seu desenvolvimento, vem tendo como conseqüência visível o isolamento político das elites internas portadoras das idéias vindas do colonialismo e adeptas do neoliberalismo que, de certa forma, reproduzem as idéias que nos conduziriam à periferia do capitalismo.    Isto foi tentado e abandonado pelo povo, por sua maioria.
                                           O discurso desses líderes oposicionistas está distanciado, portanto, da dinâmica da realidade e tem conduzido a oposição partidária, internamente, a uma desintegração. Talvez, nesse momento, a oposição esteja carente de uma liderança mais moderna que adote métodos mais consentâneos com a realidade objetiva do Brasil, ou seja, com a busca de sua maior projeção internacional e a remoção dos restos de pobreza, como pretende a Presidente Dilma.

                             É sugestivo o texto que segue, de Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi e colunista da Revista Carta Capital.

                               A Crise dos Partidos de Oposição

                             Os partidos de oposição vivem um momento complicado. Tanto o PSDB, quanto as legendas menores atravessam dificuldades internas. Nas suas relações com a opinião pública, nenhum alívio. Tampouco nesse front as coisas vão bem.
Essa dura realidade contrasta com o discurso de suas principais lideranças após a eleição do ano passado e mesmo no início deste.
Quem não se lembra de como saudaram os “43 milhões de votos” de Serra na disputa presidencial? Ou a conquista de 10 governos estaduais, contados os do PSDB e do DEM?
Parecia que a derrota de Serra era uma vitória. Quem olhava os mapas coloridos que os grandes jornais publicaram, em que os estados azuis, onde ele venceu, pareciam sobrepujar os vermelhos, onde Dilma se saiu melhor, ficava com a impressão que o resultado era outro.
Os analistas e comentaristas ligados à oposição ajudaram a difundir a ficção de que os resultados da eleição “até que não foram tão ruins”.
Achavam que ela tinha revelado que o “Brasil oposicionista” era grande, muito maior que se imaginava. Grande e dinâmico, pois Serra tinha vencido na maior parte do Brasil moderno e educado. E, em muitos dos principais estados, governadores tucanos ou do DEM haviam derrotado candidaturas do PT e de outros partidos governistas.
Se o Brasil fosse mesmo assim, seria de esperar que Dilma enfrentasse grandes dificuldades em seu relacionamento com a sociedade. Com quase um eleitor oposicionista para um simpático ao governo, ela viveria uma realidade muito diferente daquela que Lula experimentou.
Os altos índices de popularidade a que nos acostumamos não se repetiriam.
Passaram-se os meses e nada disso aconteceu. O exército formidável de eleitores oposicionistas se dissipou. Nada sugere que sobreviva.
Nas pesquisas de opinião divulgadas de março para cá, Dilma não só mostrou estar com altas taxas de aprovação, como superou os números que o próprio Lula alcançava na mesma altura de seus dois mandatos.
Para tristeza de quem apostava que ela seria uma decepção, o que estamos vendo crescer é a parcela que se surpreende favoravelmente com ela.
Em retrospecto, parece claro que o tamanho do “Brasil oposicionista” estava superestimado. Consequentemente, que o sentimento pró-governo (e pró-Lula) era maior que a votação obtida por Dilma.
Por razões que têm a ver com nossa cultura política e seu culto às personalidades, Serra teve mais votos que o oposicionismo real que existe no país. Ele inchou por que as pessoas relutaram em conferir o voto a alguém que conheciam há pouco, por mais que respeitassem e estivessem satisfeitas com quem a indicava.
Na raiz dos problemas atuais da oposição está a constatação de que suas bases diminuíram. Como diria Fernando Henrique, ela não consegue falar com “o povão” e tem que ir à cata das “novas classes médias”, sabe-se lá o que sejam.
O mais grave é que não são só esses seus dilemas. A eles, somam-se crescentes dificuldades internas.
As mais óbvias são do DEM. O que dizer de um partido (cuja origem remota é a velha Arena, que já foi saudado como o “maior partido do Ocidente”) que não consegue resistir ao ataque de um político do calibre de Gilberto Kassab? Que desmilingue ao ouvir o canto de sereia do PSD?
E o PPS? Talvez seja o preço a pagar pelo personalismo de sua direção e a falta de coerência de um ex-partido comunista que virou destino para políticos de qualquer convicção. Mas sua crise ameaça ser igual à do ex-PFL, seu companheiro atual de militância.
Quanto ao PSDB, o problema é o de sempre, a relutância em escolher o caminho que pretende seguir. O serrismo continua a puxar o partido para trás, insistindo em uma sobrevida sem perspectivas. É um afogado que se debate e ameaça levar os outros para o fundo.
FHC está certo quando diz que as oposições precisam se reinventar. O problema é como fazê-lo com o que lhes resta.
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VHCarmo.


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