domingo, 17 de abril de 2011

Algo em poesia...

Com licença poética.

Adélia Prado.
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Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

Já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem .

Mulher é desdobrável. Eu sou.

Do livro  "Os cem melhores poemas do séuculo".

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