Na mesma linha da
reflexão que este blogueiro postou ontem, ele tomou conhecimento hoje do texto
abaixo publicado na Folha de São Paulo.
O jornalista Fernando Rodrigues vai mais longe e aponta impossibilidade de satisfação das
reivindicações sem a intermediação democrática dos órgãos políticos, ou seja, o
parlamento em todos os seus níveis, quer se o considere mal ou bom, mas
que foi eleito pelo povo, segundo as regras
constitucionais e legais vigentes.
Olhem só:
Deu na Folha.
O rumo dos indignados.
BRASÍLIA
- Recebi muitos comentários (alguns impublicáveis)
por meio de redes sociais por ter afirmado ontem que os manifestantes de rua
tendem a ficar "órfãos por algum tempo de um representante político".
Até porque rejeitam todo o establishment partidário atual.
Uma
das críticas mais recorrentes foi sobre minha incapacidade de compreender que
os protestos são horizontais, sem líderes e fora das convenções. Para os
ativistas, se um outro mundo é possível, outra mediação institucional também é.
A
maioria dos ativistas rejeita os políticos e os partidos. Mas ainda não ficou
claro como seria uma outra forma de representação fora do Congresso Nacional.
Hoje, a Câmara e o Senado são as instâncias nas quais as demandas têm de ser
resolvidas numa democracia representativa como a brasileira. A não ser que os
manifestantes defendam o fechamento do Poder Legislativo. É isso?
Se
o Congresso se mantiver aberto, com todos os seus (imensos) defeitos atuais,
como serão encaminhadas as propostas que estão emergindo das passeatas? Iniciativa
popular é uma possibilidade, mas dá muito trabalho. Além do mais, quem acaba
votando são os deputados e os senadores agora tão repelidos.
Outra
saída para os ativistas seria propor democracia direta. Os votos poderiam ser
dados, quem sabe, por meio da internet. O Congresso seria dissolvido. Só que o
Brasil teria de passar por uma revolução para alcançar esse estágio --os três
Poderes são cláusulas pétreas da Constituição e nenhum pode ser eliminado com
uma canetada.
Faço
essa reflexão para dizer que os movimentos de rua sem capacidade de organização
tendem a ser esvaziados pelos poderes constituídos na base de concessões
objetivas. Alguns prefeitos e governadores já aceitam reduzir as tarifas de
ônibus. Outros benefícios virão. Aí será testado o grau de indignação real de
quem hoje ocupa as ruas do país.
Fernando
Rodrigues
§
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