O
sistema capitalista tem suas regras e não perdoa aqueles que pretendem
burlar-las ou direciona-las em conflito com a realidade objetiva e seus
interesses particulares de sobrevivência.
Outra
não foi a causa da severa crise que assola os paises centrais do capitalismo, tragados pela desregualção
financeira, que tornou fetiche a moeda, mitificou os valores reais da produção,
inflando bolhas e lançando os trabalhadores no desemprego, na pobreza e na
miséria. É o triste espetáculo que
vivem atualmente os países da cultura tradicional da
Europa.
O
neoliberalismo que no Brasil alcançou seu auge nos anos 80/90 do século
passado, foi tido, então, como a chave
da eterna felicidade das elites que se dignavam dar aos trabalhadores – como
uma espécie de consolo – as duras penas dos baixos salários e a contensão do consumo. Tudo o “livre mercado” resolveria a seu tempo. Nada do “Logos” grego, nem a Caridade cristã de
Agustinho. Chegou-se, até a proclamar o fim da história.
A
crise promovida pelo neoliberalismo traz no seu bojo os germes de sua superação que apontará um novo caminho ao capitalismo. Esperam os analistas
que ao termo de mais alguns anos, com o retorno do povo, particularmente dos
trabalhadores a serem agentes de um novo tempo, abrir-se-ão novas perspectivas. Os emergentes vão ganhando espaço.
Aqui
no Brasil expressa-se nos seus estertores a resistência de certos nichos das
elites escravocratas à condução do país pelos governos petistas. Teimam em ressuscitar as velhas práticas
neoliberais, valendo-se sobretudo da imprensa conservadora e da mídia em geral que age sem escrúpulos.
Neste movimento de reinvenção o velho capitalismo não poupa até aqueles que sustentam discurso conservador à sua revelia. As regas do jogo econômico/financeiro atingem
de modo irreversível até estes agentes do atraso.
O
texto que este escriba reproduz, abaixo, é significativo. A imprensa brasileira sempre apoiou não só
regimes autoritários, mas também as
diretrizes do neoliberalismo adotadas pelo governo do PSDB. Esteve à frente, dando irrestrito apoio às
privatizações dos bens públicos estratégicos, à desestruturação do serviço
público, ao abandono da infraestrutura do país, à sustentação de baixos
salários e ao desemprego estrutural. Três vezes foi quebrada a economia do país
coisa que ninguém pode esquecer.
Pois
bem, os jornalões estão em crise e se esperneiam sem auxílio daqueles mesmos aos
quais presta o serviço sujo. O Estadão,
há algum tempo, vem andando de “séca à
meca’, oferecendo-se à venda.
Agora a Folha mergulha na insolvência. São animais feridos e perigosos.
Olhem
só:
As
sábias observações do Saul Leblon na
Carta Maior:
09/06/2013
De costas para o Brasil
O colapso da mídia conservadora chegou antes da falência do país,
vaticinada há mais de uma década pelo seu jornalismo.
O velho ‘passaralho’ sobrevoa algumas das principais redações que compõem o
núcleo duro da oposição ao governo Dilma.
Estadão, Abril, Folha, Valor lideram a deriva de uma frota experiente na arte
de sentenciar vereditos inapeláveis sobre o rumo da Nação, enquanto o seu
próprio vai à pique.
De bagres a pavões, cabeças experimentam o fio gelado da guilhotina dos custos
nas grandes corporações.
A ‘descontinuidade’ de títulos, a supressão de cadernos, o emagrecimento das
edições, o clamoroso empobrecimento da reportagem e o rapa nos borderôs dos
freelas não deixam margem a dúvida.
O setor vive uma de suas mais graves crises, da qual o leitor só tem notícia
pela qualidade declinante do produto.
Enquanto uiva e torce pela espiral descendente da economia, de olho em 2014, a mídia alivia
(suprime?) a discussão da efetiva, ostensiva e acelerada decadência em seu
metabolismo.
Murmúrios escapam de quando em vez, como na coluna domingueira da ombudsman da
Folha, Suzana Singer.
Informa-se ali que o veículo cuja manchete saliva sobre os sete pontos de queda
de Dilma na corrida presidencial demitiu 24 pessoas apenas na última semana.
Não só.
Sepultou o Caderno Equilíbrio (que já rastejava há meses) e agora persegue a
receita de “um jornal menor, mas mais sofisticado para fazer frente às
informações gratuitas oferecidas na internet”.
Duas observações são obrigatórias.
O veículo dos Frias avoca a suavização de um fracasso com base na mudança
sistêmica que apertou as turquesas da concorrência contra o modelo tradicional
de jornalismo
Mitigação equivalente é sonegada ao governo e ao país, submetidos aos
constrangimentos de um mundo que se liquefaz na desordem neoliberal.
Número dois: antigamente, a expressão ‘menor, mas mais sofisticado’, uma
variante do surrado ‘ fazer mais com menos’, era sinônimo de arrocho e
superexploração.
A transição tecnológica da Internet talvez não explique integralmente a
corrosão edulcorada nos velhos chavões patronais.
Corporações que fazem água nesse momento não são entes genéricos; não praticam
qualquer jornalismo, não reportam qualquer país, tampouco adernam num ambiente
atemporal.
Uma singularidade precisa ser reposta: o jornalismo dominante virou as costas
ao país na última década.
Se a tecnologia envelheceu o suporte, o conservadorismo esférico, traduzido em
antipetismo obsessivo, mumificou a pauta.
A saturação da narrativa antecedeu o esgotamento do meio.
Ao ocupar diariamente suas páginas com a reprodução da mesma matéria --'o
fracasso do Brasil', as corporações contraíram um vírus fatal ao seu negócio: o
bacilo da previsibilidade.
Há quanto tempo as manchetes, colunas e reportagens disparadas do bunker dos
Frias deixaram de surpreender o leitor?
Existe algum motivo para ler amanhã um jornal que hoje tem a frase seguinte
antecipada na anterior? E na anterior da anterior e assim sucessivamente?
A recusa em discutir os reais problemas do desenvolvimento brasileiro – que
existem e são sérios –, o veto às soluções que escapam à estreiteza de seu
receituário, erigiu a sólida base de irrelevância desse jornalismo, esmagando-o
nos limites de um universo leitor incapaz de sustenta-lo.
O golpe de misericórdia tecnológico, no caso brasileiro, talvez seja apenas
isso.
Uma gota d’água adicional em um galeão perfurado de morte pelo seu próprio
peso.
Se o objeto em questão parece irremediavelmente comprometido, cabe à mídia
progressista ocupar o seu espaço erigindo-se em uma verdadeira caixa de
ressonância dos grandes debates do desenvolvimento nacional.
Não há mandato cativo na história.
Essa função será desempenhada pela comunicação que souber contornar o vírus da
irrelevância tendo como norte a certeza de que as ideias só se renovam e
pertencem ao mundo através da ação.
Postado por Saul Leblon
às 18:25
VHCarmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário