segunda-feira, 10 de junho de 2013

A Folha segue o Estadão: entra em crise.

O sistema capitalista tem suas regras e não perdoa aqueles que pretendem burlar-las ou direciona-las em conflito com a realidade objetiva e seus interesses particulares de sobrevivência.
Outra não foi a causa da severa crise que assola os paises centrais  do capitalismo, tragados pela desregualção financeira, que tornou fetiche a moeda, mitificou os valores reais da produção, inflando bolhas e lançando os trabalhadores no desemprego, na pobreza e na miséria.    É o triste espetáculo que vivem atualmente os   países da cultura tradicional da Europa.

O neoliberalismo que no Brasil alcançou seu auge  nos anos 80/90 do século passado, foi tido, então,  como a chave da eterna felicidade das elites que se dignavam dar aos trabalhadores – como uma espécie de consolo – as duras penas dos baixos salários e a contensão  do consumo.     Tudo o “livre mercado” resolveria a seu tempo.  Nada do “Logos” grego, nem a Caridade cristã de Agustinho. Chegou-se, até a proclamar o fim da história.

A crise promovida pelo neoliberalismo traz no seu bojo os germes de sua superação que apontará um novo caminho ao capitalismo. Esperam os analistas que ao termo de mais alguns anos, com o retorno do povo, particularmente dos trabalhadores a serem agentes de um novo tempo, abrir-se-ão novas perspectivas.  Os emergentes vão ganhando espaço.

Aqui no Brasil expressa-se nos seus estertores a resistência de certos nichos das elites escravocratas à condução do país pelos governos petistas.  Teimam em ressuscitar as velhas práticas neoliberais, valendo-se sobretudo da imprensa conservadora e da mídia em geral que age sem escrúpulos. 
Alinham-se no fron desta  missão antipatriótica os jornalões: O Globo, A Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo(o Estadão).

Neste movimento de reinvenção o velho capitalismo  não poupa até aqueles que  sustentam discurso conservador à sua revelia.  As regas do jogo econômico/financeiro atingem de modo irreversível até estes agentes do atraso.

O texto que este escriba reproduz, abaixo, é significativo.  A imprensa brasileira sempre apoiou não só regimes autoritários, mas também  as diretrizes do neoliberalismo adotadas pelo governo do PSDB.  Esteve à frente, dando irrestrito apoio às privatizações dos bens públicos estratégicos, à desestruturação do serviço público, ao abandono da infraestrutura do país, à sustentação de baixos salários e ao desemprego estrutural.  Três vezes foi quebrada a economia do país coisa que ninguém pode esquecer.

Pois bem, os jornalões estão em crise e se esperneiam sem auxílio daqueles mesmos aos quais presta o serviço sujo.  O Estadão, há algum tempo, vem andando de “séca à  meca’, oferecendo-se à venda.  Agora a Folha mergulha na insolvência. São animais feridos e perigosos. 

Olhem só:
As sábias observações do Saul Leblon  na Carta Maior:


09/06/2013

De costas para o Brasil

O colapso da mídia conservadora chegou antes da falência do país, vaticinada há mais de uma década pelo seu jornalismo.


O velho ‘passaralho’ sobrevoa algumas das principais redações que compõem o núcleo duro da oposição ao governo Dilma.


Estadão, Abril, Folha, Valor lideram a deriva de uma frota experiente na arte de sentenciar vereditos inapeláveis sobre o rumo da Nação, enquanto o seu próprio vai à pique. 


De bagres a pavões, cabeças experimentam o fio gelado da guilhotina dos custos nas grandes corporações.



A ‘descontinuidade’ de títulos, a supressão de cadernos, o emagrecimento das edições, o clamoroso empobrecimento da reportagem e o rapa nos borderôs dos freelas não deixam margem a dúvida.



O setor vive uma de suas mais graves crises, da qual o leitor só tem notícia pela qualidade declinante do produto. 



Enquanto uiva e torce pela espiral descendente da economia, de olho em 2014, a mídia alivia (suprime?) a discussão da efetiva, ostensiva e acelerada decadência em seu metabolismo.



Murmúrios escapam de quando em vez, como na coluna domingueira da ombudsman da Folha, Suzana Singer.



Informa-se ali que o veículo cuja manchete saliva sobre os sete pontos de queda de Dilma na corrida presidencial demitiu 24 pessoas apenas na última semana.



Não só.



Sepultou o Caderno Equilíbrio (que já rastejava há meses) e agora persegue a receita de “um jornal menor, mas mais sofisticado para fazer frente às informações gratuitas oferecidas na internet”. 



Duas observações são obrigatórias.



O veículo dos Frias avoca a suavização de um fracasso com base na mudança sistêmica que apertou as turquesas da concorrência contra o modelo tradicional de jornalismo 



Mitigação equivalente é sonegada ao governo e ao país, submetidos aos constrangimentos de um mundo que se liquefaz na desordem neoliberal.



Número dois: antigamente, a expressão ‘menor, mas mais sofisticado’, uma variante do surrado ‘ fazer mais com menos’, era sinônimo de arrocho e superexploração.



A transição tecnológica da Internet talvez não explique integralmente a corrosão edulcorada nos velhos chavões patronais.



Corporações que fazem água nesse momento não são entes genéricos; não praticam qualquer jornalismo, não reportam qualquer país, tampouco adernam num ambiente atemporal.



Uma singularidade precisa ser reposta: o jornalismo dominante virou as costas ao país na última década.



Se a tecnologia envelheceu o suporte, o conservadorismo esférico, traduzido em antipetismo obsessivo, mumificou a pauta. 



A saturação da narrativa antecedeu o esgotamento do meio.



Ao ocupar diariamente suas páginas com a reprodução da mesma matéria --'o fracasso do Brasil', as corporações contraíram um vírus fatal ao seu negócio: o bacilo da previsibilidade.



Há quanto tempo as manchetes, colunas e reportagens disparadas do bunker dos Frias deixaram de surpreender o leitor?



Existe algum motivo para ler amanhã um jornal que hoje tem a frase seguinte antecipada na anterior? E na anterior da anterior e assim sucessivamente?



A recusa em discutir os reais problemas do desenvolvimento brasileiro – que existem e são sérios –, o veto às soluções que escapam à estreiteza de seu receituário, erigiu a sólida base de irrelevância desse jornalismo, esmagando-o nos limites de um universo leitor incapaz de sustenta-lo.



O golpe de misericórdia tecnológico, no caso brasileiro, talvez seja apenas isso.



Uma gota d’água adicional em um galeão perfurado de morte pelo seu próprio peso.



Se o objeto em questão parece irremediavelmente comprometido, cabe à mídia progressista ocupar o seu espaço erigindo-se em uma verdadeira caixa de ressonância dos grandes debates do desenvolvimento nacional. 



Não há mandato cativo na história.



Essa função será desempenhada pela comunicação que souber contornar o vírus da irrelevância tendo como norte a certeza de que as ideias só se renovam e pertencem ao mundo através da ação. 

Postado por Saul Leblon às 18:25

VHCarmo.



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