Em "algo mais" neste bloguinho vai, para a emoção da
gente, o último soneto da série de cinco de Guilherme de Almeida; do início ao fim
de um caso de amor. Da felicidade do encontro à dor da despedida.
Falar em soneto é muito
falar de amor em todas as suas implicações sentimentais desde os espasmos da
felicidade e da dor até aos devaneios provocados pela contemplação da natureza.
Olhem só:
N Ó S
( Guilherme de Almeida),
Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes, estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divan, os cortinados:
"Que é feito dela?" indagarão
coitados!
E os amigos dirão: "Que é feito
dela?"
Parte! E se, olhando
atrás, da extrema curva
da estrada, vires esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velinho
é um lenço branco que te diz adeus.
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Guilherme de Andrade e Almeida -
Campinas (1890). Chamado "Príncipe dos poetas brasileiros".
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