O que admira é a desfaçatez dessa
gente. O que dizem e o que pregam é
simplesmente o retorno de tudo aquilo que infelicitou o país e o empobreceu no
seu governo neoliberal. Manifestam sua indignação contra o “consumo”, mas não é
contra o consumo de sua classe e dos ricos que presuntivamente os apóiam. Não, segundo eles o fato de os pobres estarem
consumindo é causa do atraso do país, aliás um atraso que só eles vislumbram e promovem em seus
discursos.
Por outro lado parecem acreditar que o povo se
ilude com esse discurso de pessimismo terrificante também usado pelos
colunistas chamados de “urubólogos” dos jornalões e revistas.
Parecem – e aparecem nas fotos - navegar num sonho ruim; com Armínio Fraga e com
a figura ridícula de seu mestre FHC que fez o Brasil vender a sua soberania ao
FMI e tem a “cara de pau” em pregar “mudanças”.
Essa é “entourage” do néscio
Aécio, no dizer do velho Cesar Maia, não vai às Favelas e onde tem povo e voto,
prefere ameaçar os pobres com “medidas impopulares”.
O Tijolaço publicou os
textos abaixo transcritos aqui neste bloguinho que vale a pena ler.
Olhem só:
O “novo” Aécio é a volta do Brasil de sempre. O da senzala social. 2 de abril de 2014 | 09:21 Autor: Fernando Brito
A
“coluna social” de Monica Bérgamo, na Ilustrada da Folha de hoje é um retrato sem retoques do
que representa Aécio Neves.
Representa
Fernando Henrique Cardoso, nada mais, nada menos.
Leia.
É
uma visão dantesca do Brasil que, tomara, tenha ficado sempre para trás.
O
Brasil governado para o capital.
Não
para o povo.
Não
para “os que votam como o estômago”, como diz o banqueiro André Esteves.
Esta
gente que tem o estranho desejo de comer todo dia, desatenta ao fato de que
sempre foi preciso que passasse fome para que os salões do nosso capitalismo
brilhassem.
“Esgotou
(-se) a capacidade de crescer pelo consumo (da população).”
É
como se dissessem: “chega, você já tiveram o que merecem, acabou o recreio,
voltem para a senzala social”.
Sonham
com a “reconquista” do Brasil, porque não querem o povo brasileiro como
parceiro de seu sucesso, mas como uma massa de servos de seus empreendimentos.
Uma
elite que não se emenda, que nem mesmo tendo visto do que este país é capaz
quando é um só, não aceita os pobres, os negros, os mestiços, o povão senão
ali, nas caras telas de Di Cavalcanti penduradas na parede da mansão.
Eles
são lindos assim: imóveis, passivos, decorativos.
“Estou
preparado para as decisões necessárias, por mais que sejam impopulares”,
garante Neves, e um empresário traduz: aumentar as tarifas públicas.
Não
o dirá aos que votam com o estômago, mas que importa? Pois se podem ser
deixados sem comer, o que é deixá-los sem saber? Eles não estão aqui, senão nos
servindo canapés e não entendem o que se diz.
Não
vão saber, como não saberão que será vendido o que sobrou do período Fernando
Henrique e o petróleo que depois dele se encontrou.
Os
negros, os mulatos, os pobres dos quadros de Di Cavalcanti tudo ouvem, porém,
nas paredes da mansão.
Fugiriam
das telas, se pudessem, para dizer aos seus iguais, de carne e osso o que dizem
os “sinhôs”.
Não
podem, mas nós podemos.
O
que se vai enfrentar nas eleições não é uma decisão sobre o futuro.
É
um fantasma do passado.
Aécio: estou preparado para decisões impopulares
Mônica Bergamo
No pequeno púlpito montado na sala de jantar de sua casa, tendo
como fundo uma parede com quadros de Di Cavalcanti, João Doria Jr. chama Aécio
Neves para falar à seleta plateia de empresários que foram ao encontro com o
presidenciável tucano. “Um jovem amigo. Um dos mais valorosos nomes da política
brasileira. Ele é o novo!”
Os convidados, que já tinham aplaudido os governadores Geraldo
Alckmin, de SP, e Antonio Anastasia, de Minas, voltam a bater palmas.
Mas é quando Fernando Henrique Cardoso é anunciado que o público
realmente se empolga.
Empresários como José Luiz Cutrale, maior produtor de suco de
laranja do mundo, André Esteves, do BTG Pactual, Guilherme Leal, da Natura, e
Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, se levantam para aplaudir aquele que, segundo
Doria, é um “exemplo de homem público”, “de ser humano”, “de brasilidade”, “de
estadista”. E o grande fiador da candidatura de Aécio.
Antes de ceder o microfone, Doria fala dos 50 anos do golpe
militar. “Viva a democracia!”, afirma. E todos, em uníssono: “Viva!”.
FHC se diz “sem palavras”. E inicia um breve discurso de
apresentação de Aécio.
Lembrando seu próprio governo, acena com a possibilidade de
reformas numa eventual gestão do tucano mineiro. “O reformador só é aplaudido
depois de muito tempo.” O Brasil precisa de um novo rumo, segundo ele. “E não
dá para mudar com as mesmas pessoas. O cachimbo deixa a boca torta.”
Antes de falar, Aécio chama Armínio Fraga, presidente do Banco
Central no governo FHC, para ficar ao seu lado, sinalizando que ele terá papel
primordial na condução da economia em seu eventual governo. “Ninguém tem o time
que nós temos”, diz o mineiro. “Vou anunciar aos poucos quem estará comigo.
Esse time dará confiança ao mercado.”
Aécio segue: “Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: Mas
é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro
ano?’. E eu disse: Se der, no primeiro dia’”.
“Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias”, diz. “Por
mais que elas sejam impopulares.” Num outro momento, repete: “Se o preço [das
medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse
preço. Que venha outro [presidente] depois de mim”. Sua ambição, diz, não é ser
querido. E sim “fazer o maior governo da história do país”.
O tucano não detalhou que medidas seriam essas. Um dos empresários
disse à Folha: “Ele está querendo dizer que vai reajustar tarifas.
Não dá mais para empurrar com a barriga, como o governo [Dilma Rousseff] está
fazendo, por populismo”.
Começam as perguntas. O banqueiro André Esteves diz que o país
vive numa “armadilha do baixo crescimento”, em que se “esgotou a capacidade de
crescer pelo consumo”. “Temos que investir” e, para isso, o governo tem que
despertar “a confiança”.
Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, pergunta como o
presidenciável fará sua mensagem chegar “aos que votam com o estômago”,
referindo-se aos beneficiários de programas sociais do governo. Jorge Gerdau
pede que ele se comprometa a não aumentar a carga tributária.
Depois de responder a todas as perguntas, Aécio Neves se despede
com uma brincadeira: “Se tudo der errado, eu tenho um craque para entrar em
campo”. Ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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