Reflexão
necessária.
Aqui mesmo já se comentou aquilo que pareceu a este modesto
blogueiro uma desfaçatez do candidato à Presidência, Aécio Neves, e de seus
seguidores.
O motivo foi o ocorrido
na sua Reunião com alguns empresários poderosos e antigos gestores econômicos e políticos neoliberais,
realizada há poucos dias.
A presença do
ex-presidente Fernando Henrique, um expoente confessado da doutrina neoliberal,
selou o pensamento ali exposto com uma espantosa sinceridade, uma vez que
sustentaram uma pretensão nitidamente antipopular como expressamente exposta
pelo candidato.
Em suas palavras
aspeadas no noticiário o candidato se
propõe a tomar medidas "IMPOPULARES", mesmo que isto lhe represente a
impossibilidade de uma reeleição, na
hipótese de que vier a ser eleito.
Impõe analisar o que
representa para o nosso país, no estágio em que se encontra, a adoção de tais medidas de caráter nitidamente
neoliberais que impõem ser devidamente esclarecidas
posto que genericamente sustentadas pelo
candidato.
O quê e quais seriam as tais medidas "impopulares"?.
Inicialmente não se
pode descartar o que está incluído na
sua própria expressão vocabular, ou seja, o que é impopular é basicamente contra
o interesse do povo, no mínimo ensejando seu prejuízo, ou seja, medidas que lhe
subtrairiam direitos e vantagens
comparativas de que gozam no presente estágio da política econômica. O
candidato não é suficientemente claro relativamente a quais seriam os possíveis resultados positivos
das medidas para o povo atingido.
Da posição em que se
coloca e que se evidencia pela presença na propalada Reunião de próceres da
classe dominante, fica claro que Aécio
nãolhes propõe medidas prejudiciais a seus interesses, mas, pelo contrário, a
garantia deles com o benefício das tais medidas "impopulares"
prometidas.
Quais seriam as medidas
"impopulares" a serem adotadas?
Como se disse: ele não as discriminou, mas ficaram entendidas pela seleta
plateia de ex-ministros do governo Fernando Henrique, banqueiros e empresários,
especialmente aqueles ligados ao mundo financeiro ser algo que lhes proporcionarão
vantagens, em detrimento do interesse "popular". Não
há como entender de modo diverso o discurso do candidato.
Na ação "antipopular", contida na
promessa de Aécio, o alvo, omitido
explicitamente, seria os chamados "gastos
sociais" e a expansão do consumo das classes mais pobres do povo (popular), aliás este último fator vem sendo proclamado
por seus pares como sendo provocador de crise; crise até aqui não identificável.
O cerne da doutrina
neoliberal sustentada pelo candidato é a
liberação da regulação da economia pelo Estado, em favor das atividades financeiras
e da especulação bem como, e
concomitantemente, a contenção dos gastos
com programas sociais e a valorização dos salários inclusive do salário mínimo.
Admite-se até, com a adoção dessas medidas, promover
uma taxa maior de desemprego em prol do
desenvolvimento; o que é uma contradição em termos.
É claro que o discurso
do neto de Tancredo Neves foi bem entendido pela seleta plateia
presente. O que é intrigante, no
entanto, é que a grande mídia conservadora não só veicula esse discurso como
procura envolver-lhe em uma capa progressista atribuindo-lhe uma via de
progresso econômico.
No Brasil, país
emergente, ainda se permite a proposição como esta sustentada por Aécio Neves
que vêm em claro descompasso com a realidade revelada pela crise do
neoliberalismo que atingiu de modo cruel as populações mais pobres dos países
centrais da economia capitalista, já considerada a sua segunda e maior crise.
Pois bem, aqui um candidato
à presidência parece desconhecer a história recente e a apresenta como seu
grande promotor ninguém mais, nem menos, do que Fernando Henrique Cardoso um dos cultores mais impertinentes das teorias
liberais que implementou no seu governo e que levou o país, sob o jugo do FMI,
quebrar três vezes e aumentar de forma alarmante a pobreza de seu povo.
A pregação da oposição
e de seu candidato, como se vê, vem
centrada na tese do chamado Estado mínimo, ou seja, na adoção de medidas de liberação de modo que "a administração pública tenha então por missão não mais servir o
conjunto da sociedade, mas fornecer bens e serviços a interesses setoriais e a
clientes-consumidores, ao risco de agravar as desigualdades entre os cidadãos e
entre as regiões do país" (palvras de Ali Kazancigl , diretor da
Divisão de Ciências Sociais da Unesco que aqui são apropriadas).
Finalmente, questiona-se
até que ponto os participantes da Reunião pretendem influenciar, ou enganar, o
grande público?
___________________________________
VHCarmo.
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