domingo, 9 de março de 2014

Um pequeno poema (é o algo mais).

É a velha estória: somente nascidos poetas podem  encadear seus versos?  Perfilhar-se a uma escola poética, enclausurar-se em regras consagradas seria  um imperativo para versejar?.  Atrever-se  a   fazer um poema, sem o hermetismo dessas regras, seria um atrevimento?  Este escriba às vezes se atreve, pois não se vê  como poeta.
 
 Aí vai um pequeno poema solitário, sem maternidade e paternidade conhecidas.
                                               


                                             Pôr do sol em Ipanema.

No largo horizonte desse fim de dia
o sol se põe sobre a minha tristeza,
sulcando o espelho de um
mar de fogo.
 
Da calçada dura que aos meus pés arde
ternuras cálidas
  indiferença frias.
 
Olhando esse sol na sua bruta inteireza
sinto, incrédulo, neste breve
morrer da tarde
a emoção e a frieza
num estranho e mal iluminado jogo.
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VHCarmo (do livro Memórias  - A Vila do Capivara)


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