segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Reflexão sobre a greve dos policiais e bombeiros do Rio de Janeiro.

                             O movimento grevista dos policiais e bombeiros no Estado do Rio de Janeiro, leva a gente a uma reflexão a respeito dos aspectos especiais da luta por melhores condições econômicas dessas organizações coletivas de trabalho ( serviços de segurança publica) e de suas lideranças.
                             De início o movimento paredista dessas categorias tende a se apresentar muito difícil em termos de arregimentação, sobretudo porque a sua legalidade, e mesmo a sua constitucionalidade, é desde logo posta em causa, ensejando medidas repressivas diferenciadas, normalmente também armadas.
                            Portadores de armas e tendo como objetivo a segurança da população a sua greve se configura como uma insurgência de graves conseqüência sociais, despertando o medo difuso que resulta da perda temporária da segurança e o apelo a forças de contenção também armadas de que lançam mão a autoridade publica.
                             Há, pois, duas questões em foco; uma que se afigura justa que é a econômica, ou seja, a melhoria dos salários que não correspondem à missão de que estão investidos os policiais e bombeiros; a outra é a questão política de classe.
                           Em todo o movimento de massas por reivindicação e de qualquer classe de trabalhadores, não armados e envolvidos com segurança, tende a haver um certo equilíbrio, muitas vezes imperceptível no movimento, entre a questão econômica e a questão política em confronto, entendida esta última como aspiração ideológica de classe social que se confronta com a ordem econômica e política social  existente e mesmo com o Estado quando gestor de serviços públicos, não armados, e empresas públicas.
                            Guardiã da ordem estabelecida, é complicado para a categoria dos policiais e bombeiros se colocar contra essa mesma ordem e este fator limita suas opções no momento de reivindicar melhorias de natureza econômica.
                             Não obstante isto, a greve se instala - tem se instalado - e ao se instalar deve ser conduzida por uma liderança lúcida, capaz de, e desde o início do movimento, ter em mente a diferença da sua greve em relação a de outras categorias de trabalhadores; a dificuldade maior de sua arregimentação; a reação contrária geralmente armada e, sobretudo, ter ampla domínio da categoria para decidir até onde pode ir e, sobretudo, ter a noção exata de quando deverá recuar e parar estrategicamente, evitando confrontos que se afigurem desvantajosos.  A liderança não deveria nunca, em qualquer caso, conduzir a sua categoria à perda da simpatia por sua causa e deixar aqueles que pretende conduzir comprometidos com o fracasso do movimento, mediante bravatas e ameaças. 
                             A greve decidida na sexta-feira por uma minoria de policiais e bombeiros, na Praça da Cinelândia no Rio de Janeiro, revelou a pouca competência da liderança do movimento, pois a oportunidade era imprópria e os bordões de que iriam acabar com o carnaval, além de irreais, derrubaram a pouca simpatia que o movimento inspirava. Resultado: a greve fracassou, foi furada. Os líderes foram presos e a categoria humilhada, inclusive um cabo que se autopromoveu líder e que, totalmente fora da realidade, declarava sua tola pretensão de transformar o movimento em greve geral no país.
                                Disso tudo, que foi dito, resulta uma conclusão inafastável: o êxito de um movimento grevista está umbilicalmente ligado a uma liderança que se afirme perante a categoria e perante  os negciadores, sabendo  conduzi-la no processo para atingir o objetivo perseguido, no todo ou em parte, sem voluntarismos. Os líderes dos policiais e bombeiros do Rio terão muito que aprender com os líderes sindicais de trabalhadores que lutam sem armas por suas reivindicações.
                                No caso dos policiais e bombeiros do Rio de Janeiro, a sua liderança os levou a um sério fracasso; para uma greve furada e para suas graves conseqüências negativas que daí fatalmente resultarão.
 VHCarmo.

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