sábado, 10 de agosto de 2013

Um momento de poesia no bloguinho...

Por acabada ou quase finda aquela espécie de volúpia do modernismo dos anos vinte do século passado, a poesia  brasileira volta, em parte, ao leito lírico e ao encontro das íntimas sensações do ser. O verso invade a música e o povo o canta; há um retorno dialético aos sentidos lusitanos, vindos de antes do surto modernista.  Poetas notáveis pontificaram então após os anos trinta do século XX estendendo aos sessenta já apontando algo que veio ao século XXI neste atual curto tempo literário.
Cecília Meireles, Vinícius, Drumond, Mário Quintana e tantos mais que a quantidade só  fez ressaltar a qualidade da poética pátria.  Este blogueiro reproduz aqui  pequeno poema do grande poeta Murilo Mendes exemplar daquele tempo que permanece.

Estudo para uma ondina.
Murilo Mendes
Esta manhã o mar acumula ao teu pé rosas de areia,
Balançando as conchas de seus quadris.
Ele te chama para longas navegações:
Tua boca, tuas pernas teu sexo teus olhos escutaram.

Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E  um peixe vermelho  faz todo o oceano tremer.

Tens quinze anos  porque já tens  vinte e sete,
Tens um ano apenas...
Agora mesmo nasceste da espuma,

E na incisão do ar líquido alcanças o amor dos elementos.
__________________________________________________
VHCarmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário