Dois tópicos.
Duas questões atuais se impõem à reflexão.
Às vezes ocorre na vida social e política do nosso
país algo que o senso comum não explica.
Primeira: é a questão da contratação de médicos
estrangeiros.
A segunda: é a tentativa, por uma minoria, de mudar
uma decisão tomada regularmente, mediante voto, no parlamento municipal do Rio
de Janeiro.
Vamos por parte: é meridianamente claro que a
posição de vários órgãos representativos dos médicos contra a vinda de
facultativos estrangeiros para trabalhar no Brasil não apresenta argumentos
razoáveis.
Em resumo o que pretendem é ter uma reserva de
mercado para médicos brasileiros. Propósito que não explicitam e que, afinal,
chega ser cruel, pois privaria os mais pobres da assistência médica nos
municípios menores.
Em, praticamente todos os países onde há
necessidade ou carência de profissionais médicos, se contratam estrangeiros.
Significativamente os países do chamado
primeiro-mundo contratam médicos de fora, como é o caso dos EEUU e do Reino
Unido, em proporção considerável em relação aos profissionais nacionais.
A alegação de que os médicos estrangeiros não
estariam preparados para exercer aqui a medicina é deveras um argumento que não
merece séria consideração uma vez que se propõe testá-los em Universidades
brasileiras e serão submetidos a treinamento específico para medicar no SUS e
nos municípios carentes de médicos e para os quais os médicos brasileiros não
se arriscam a ir e a seleção provou isso.
A pretensão manifestada sobre a provável
incompetência de médicos importados é deveras cediça.
Ninguém duvida, em princípio, da competência
profissional dos médicos brasileiros, mas não consta que tenhamos excelência
neste quesito. Temos também, é claro, médicos com formação deficiente, por sua
vez muitos saídos de faculdades que não têm boa reputação e estão sempre
sujeitas à seguidas fiscalizações do Ministério da Educação ( e da Saúde).
Por outro lado, a procedência da maior parte dos
médicos que aqui vêm do estrangeiro não sofre maiores restrições em todo mundo.
A afirmação veiculada de que os médicos cubanos
teriam formação deficiente não condiz com a verdade, pois eles têm sido
direcionados com sucesso para várias partes do mundo e por órgãos ligados à
ONU, forma pela qual virão ao nosso país.
Os médicos cubanos não prestarão trabalho escravo,
como chegam a afirmar maldosamente alguns interessados. A boa fama da medicina
cubana é inquestionável e
Cuba, apesar de ser um país pequeno e pobre, registra
os mais baixos índices de mortalidade infantil e os mais altos de saúde
pública.
Sem a mais mínima intenção de criar polêmica, a
gente ousaria chamar a atenção para a hipótese de os nossos médicos serem
submetidos à um prévio exame de seus conhecimentos e prática: todos seriam
julgados aptos? em que proporção? Teriam condições de medicar em outro país?
A excelência médica no Brasil reside tão somente
num pequeno núcleo de elite sustentado por especialidades e recursos limitados.
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A segunda questão: parece a alguém, de boa-fé,
razoável que uma minoria pretenda modificar o resultado de uma votação feita
regularmente no plenário da Câmara Municipal, e inviabilizar a composição de
parlamentares para exercer os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito? Considerando-se que foi respeitada a maioria?
Admitem-se protestos pacíficos, mas em nenhuma
hipótese é admissível a violência bem como as agressões promovidos por aqueles
que passaram a residir em barracas em frente ao palácio e a impedir o livre
curso do trânsito de pessoas e veículos.
Esses grupos passaram a atirar objetos – até
sapatos – ovos e ir até a vias de fato contra os parlamentares. Este é um
caminho perigoso, inclusive, podendo levar a consequências imprevisíveis.
Afinal, esses vereadores agredidos foram eleitos
pelo povo, muitos deles por vários mandados.....
A rigor nem o poder Judiciário teria prerrogativa
de interferir na formação de uma CPI, posto que isto lhe vedado pelo princípio
constitucional da independência e autonomia dos poderes municipais.
Fiscalizar o andamento da CPI é preciso, mas
violentar seus membros não é legal.
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VHCarmo.
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