sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Dois tópicos.



                                    Dois tópicos.

Duas questões atuais se impõem à reflexão.
Às vezes ocorre na vida social e política do nosso país algo que o senso comum não explica.

Primeira: é a questão da contratação de médicos estrangeiros.

A segunda: é a tentativa, por uma minoria, de mudar uma decisão tomada regularmente, mediante voto, no parlamento municipal do Rio de Janeiro.

Vamos por parte: é meridianamente claro que a posição de vários órgãos representativos dos médicos contra a vinda de facultativos estrangeiros para trabalhar no Brasil não apresenta argumentos razoáveis.

Em resumo o que pretendem é ter uma reserva de mercado para médicos brasileiros. Propósito que não explicitam e que, afinal, chega ser cruel, pois privaria os mais pobres da assistência médica nos municípios menores.

Em, praticamente todos os países onde há necessidade ou carência de profissionais médicos, se contratam estrangeiros.

Significativamente os países do chamado primeiro-mundo contratam médicos de fora, como é o caso dos EEUU e do Reino Unido, em proporção considerável em relação aos profissionais nacionais.

A alegação de que os médicos estrangeiros não estariam preparados para exercer aqui a medicina é deveras um argumento que não merece séria consideração uma vez que se propõe testá-los em Universidades brasileiras e serão submetidos a treinamento específico para medicar no SUS e nos municípios carentes de médicos e para os quais os médicos brasileiros não se arriscam a ir e a seleção provou isso.

A pretensão manifestada sobre a provável incompetência de médicos importados é deveras cediça.

Ninguém duvida, em princípio, da competência profissional dos médicos brasileiros, mas não consta que tenhamos excelência neste quesito. Temos também, é claro, médicos com formação deficiente, por sua vez muitos saídos de faculdades que não têm boa reputação e estão sempre sujeitas à seguidas fiscalizações do Ministério da Educação ( e da Saúde).

Por outro lado, a procedência da maior parte dos médicos que aqui vêm do estrangeiro não sofre maiores restrições em todo mundo.

A afirmação veiculada de que os médicos cubanos teriam formação deficiente não condiz com a verdade, pois eles têm sido direcionados com sucesso para várias partes do mundo e por órgãos ligados à ONU, forma pela qual virão ao nosso país.

Os médicos cubanos não prestarão trabalho escravo, como chegam a afirmar maldosamente alguns interessados. A boa fama da medicina cubana é inquestionável e 

Cuba, apesar de ser um país pequeno e pobre, registra os mais baixos índices de mortalidade infantil e os mais altos de saúde pública.

Sem a mais mínima intenção de criar polêmica, a gente ousaria chamar a atenção para a hipótese de os nossos médicos serem submetidos à um prévio exame de seus conhecimentos e prática: todos seriam julgados aptos? em que proporção? Teriam condições de medicar em outro país?

A excelência médica no Brasil reside tão somente num pequeno núcleo de elite sustentado por especialidades e recursos limitados.
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A segunda questão: parece a alguém, de boa-fé, razoável que uma minoria pretenda modificar o resultado de uma votação feita regularmente no plenário da Câmara Municipal, e inviabilizar a composição de parlamentares para exercer os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito? Considerando-se que foi respeitada a maioria?

Admitem-se protestos pacíficos, mas em nenhuma hipótese é admissível a violência bem como as agressões promovidos por aqueles que passaram a residir em barracas em frente ao palácio e a impedir o livre curso do trânsito de pessoas e veículos.

Esses grupos passaram a atirar objetos – até sapatos – ovos e ir até a vias de fato contra os parlamentares. Este é um caminho perigoso, inclusive, podendo levar a consequências imprevisíveis.
Afinal, esses vereadores agredidos foram eleitos pelo povo, muitos deles por vários mandados.....

A rigor nem o poder Judiciário teria prerrogativa de interferir na formação de uma CPI, posto que isto lhe vedado pelo princípio constitucional da independência e autonomia dos poderes municipais.


Fiscalizar o andamento da CPI é preciso, mas violentar seus membros não é legal. 
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VHCarmo.

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