O poeta Nilo Aparecido Pinto foi ocasional amigo deste blogueiro. Tínhamos um endereço próximo no centro do Rio de Janeiro. No espaço dele multiplcavam-se as estantes e livros, mas sobrava lugar para sentarmos, ele, eu o saudoso Horácio da Silva Pinto, grande tribuno e tantos outros amigos que cultuavam a poesia para curti-la. Nilo era amigo dileto de outro grande poeta, J. G. de Araújo Jorge. De Nilo guardo um precioso presente: a coletânea de sonetos de Araujo Jorge "Os mais belos sonetos que o amor inspirou". Nesse verdadeiro breviário de sonetos, talvez os mais lindos coletados até aqui, há três do poeta Nilo Aparecido.
(Caratinga-MG. 1911).
Olhem só um deles:
MULHERES E ÁRVORES.
Aí da mulher que nunca foi beijada!
Ai daquela que amou, mas infeliz
não pode ter humilde e desprezada,
a existência gloriosa que ela quis!
Ai daquela que também sendo amada
desprezou seus impulsos feminis,
e que sozinha, ao termo da jornada,
ante o próprio destino se maldiz!
Elas são como as árvores doridas
que, exilando-se estéreis e esquecidas
na tristeza dos bosques incolores
vivem à sombra dos ramais hirsutos,
intimidadas por não terem flores
envergonhadas por darem frutos.
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VHCarmo.
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