sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O NOSSO SULTÃO VOLTOU...


O nosso Sultão, o infalível, voltou às lides. Foi um retorno digno de sua majestade.  Subiu os pequenos degraus do Palácio e passou ao lado da estátua da Justiça que, de olhos vendados, não o percebeu.

Atrás do nosso Sultão, o magnânimo, seguiu o séquito midiático com seus jornalistas,  suas câmeras modernas, transmitindo em HD ( alta definição) para todo o mundo, particularmente para atingir de norte a sul e de leste a oeste todo o território da pátria brasileira.

O recesso teria feito um efeito benéfico ao nosso  Sultão, o indelével,  que pareceu mais  lépido,  sorrindo às câmeras, naturalmente livre das dores nos quadris que o faziam arrimar-se sob o espaldar do trono. Lembrou o "Joca" da mocidade.

Tendo penetrado o Palácio com o seu séquito, o nosso Sultão, o misericordioso, cuidou de distinguir a Rede Globo para passar mais uma lição de seu incomparável saber, para  edição do Jornal Nacional.

 Foi claro, "nada mais há acima do poder de minha Corte". Ensinou, também, que recursos de que falam os advogados e que estão na lei, na Constituição e  no Regimento Interno de seu reino,   não se aplicam no caso do mensalão.

Embora não seja algo próprio de um Sultão , com seus títulos, dar-se ao luxo de estar explicando estas questões,  não se furtou de completar: "ai daqueles que vierem a contrariar as ordens de sua majestade".   Disse essas palavras, apontando o dedo em direção aos palácios do outro lado da Praça.

Alguém mais afoito, com todas as vênias, lembrou ao nosso Sultão, o misericordioso, que contra as condenações com votos divergentes poderiam ser opostos os chamados  "embargos infringentes", abrindo a possibilidade de absolvição com um  simples empate.    O nosso Sultão, o magnânimo, esboçou um sorriso irônico, deixando contrastar a alvura de seus dentes com a cor  brilhosa de sua pele.   Foi taxativo:"isto é coisa dos chamados juristas; esta questão já está juridiscializada na minha Corte".  

Diga-se, a bem da verdade,  que não deu para entender bem a sábia afirmação do nosso Sultão, o incontestável.  Contudo, de sua cátedra não se diverge cumpre-se o preceito.

Enfastiado com o cerco midiático, nosso Sultão, o generoso, se despediu com um aceno de mão ao  seu numeroso séquito demonstrando, mais uma vez, a sua generosidade e segurança, medidas pela intensa publicidade de seus atos e por sua inquestionável popularidade.   Dirigiu-se, aplaudido, aos seus aposentos ao fundo da cena.

Houve alguém, entre os poucos pobres  mortais ali presentes,  que indagou:  "e se  os chamados  Embargos Infringentes e os Declaratórios forem admitidos?  se os novos príncipes e o novo relator de sua majestade admitirem os recursos? ".

 Apupado pelo séquito do nosso Sultão, o pobre homem tratou de fugir pela porta de serviço do Palácio.  

___________________________

VHCarmo.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário