quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O JUDICIÁRIO RESISTE. NÃO ABRE MÃO DA IMPUNIDADE...

                                A resistência do Judiciário brasileiro a se tornar uma instituição democrática no sentido mais amplo, é deveras, incrível. Além de ser produtor de injustiças gritantes com desrespeito a lei e a Constituição, seus membros se aferram a privilégios moralmente inaceitáveis e pretendem pairar sobre o bem e o mal.
                               A cúpula do Judiciário brasileiro perdeu a compostura, a mínima decência e a chamada “majestade”. Envolve-se em enriquecimento ilícito e pretende que os seus “magistrados” sejam intangíveis à investigações pelos órgãos de transparência social e até pelo CNJ inserido na Constituição com essa finalidade.
                                Por outro lado, se até aqui a diferença de tratamento de ricos e pobres era disfarçada, hoje os magistrados até se vangloriam de dispensar proteção a “veneráveis bandidos”, distribuindo benesses e “hábeas corpus”, este remédio heróico, muitas vezes ditado pelas madrugadas com o EVENTUAL magnânimo prolator do  liberatório  vestido, ao invés da  toga, de pijamas, manifestando indignação contra aqueles que tentam investigar os "veneráveis   bandidos"e a ousadia de  perturbar-lhe o sono  àquela hora de repouso.
                         
                   O Tijolaço do Brizola Neto, publicado no dia 24 p.p. é atual e merece ser lido.             Este escriba transcreve e assina embaixo.  Sigam:
                                           Os flagelados do Judiciário.

                                     Acabo de ler e ver reportagens sobre dois assuntos, que não sei se são um só.

Uma, no Estadão, sobre as remunerações de até centenas de milhares de reais percebidas por juizes e desembargadores em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Outra, na Folha e no Viomundo, sobre a violência e o desrespeito aos pobres moradores expulsos do Pinheirinho.

Para quem, ainda criança, viu atearem fogo e lançarem cães contra os favelados da Praia do Pinto e do Morro da Catacumba, há 40 anos, é como descrer no progresso humano.

Ontem mesmo o Estadão publicava que os nobres desembargadores consideravam uma violência ser exposto ao público o fato de que alguns deles – nem se discute se com origem legal ou não – terem movimentações imensas em suas contas bancárias, embora nome algum tenha sido revelado, porque as investigações são feitas dentro da prudência da lei, que deve preservar a todos.

E quem preserva essa pobre gente e seus filhos? Crianças, que os senhores juízes, quando são seus filhos, cuidam com tanto empenho, com tantas babás, boas creches, escolas de qualidade e todos os mimos e carícias?

Suas Excelências, decerto, não são monstros e não deixam de saber que – não importa que ganhem muito bem por seu trabalho – do fundamento jurídico da igualdade humana e dos princípios constitucionais da proteção aos direitos humanos e, sobretudo, das crianças. Inclusive e, especialmente, das pobres, que não têm senão o Estado para tutelar seus direitos mais comezinhos.

O que ocorreu em Pinheirinho não se passou no interior de Rondônia, nas selvas do Pará, ou em outro lugar remoto do qual se pudesse dizer estar além das fronteiras da compreensão moderna da aplicação da lei como instrumento de proteção a direitos – e os sociais sempre se sobrepõem, do ponto de vista do Estado, aos individuais, embora não possam anula-los – e não a privilégios.

A Suprema Corte brasileira, que considerou relevante proteger os direitos do Sr. Daniel Dantas, para que este não fosse exposto com algemas nas mãos, acha correto disparar balas de borracha – nem falo das de verdade, que se disparou também – contra mulheres e crianças? A Justiça brasileira acha correto contribuir para o risco de promover outro Eldorado dos Carajás ali pertinho da maior metrópole do hemisfério Sul?Federal para conceder aumentos ao Judiciário, há declarações públicas, tratativas políticas o apelo ao bom funcionamento de uma instituição da República.

O que está acontecendo com o Direito e a Justiça deste país?

Quando se trata de pressionar o Governo

Quando se trata de defender seus mais frágeis jurisdicionados nem mesmo um apelo à moderação, à humanidade, ao bom-senso. Havia, na ordem mandatória do despejo, alguma determinação de que houvesse assistência social, preparação dos serviços públicos para encaminhar as pessoas a casas, as crianças a escolas, os carentes à assistência devida?

Ou apenas para enxotá-los, como se fossem cães?

Será que precisamos de um novo Sobral Pinto para constranger a Justiça brasileira, pedindo que se aplique aos seres humanos do Pinheirinho a lei de proteção aos animais?

O ovo da serpente, ao qual se referiu a Ministra Eliana Calmon, eclodiu em São José dos Campos. Um Judiciário – porque seria desonroso chamar a isso de Justiça – que é algo que já não se rege nem pela moralidade e nem mesmo pela humanidade.

Há um campo de refugiados em São José dos Campos. Lá estão os flagelados. Não da seca, não das chuvas.

Os flagelados do Judiciário brasileiro, que repete a olímpica indiferença de Maria Antonieta.

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Observação desse Blog:  - A execução da reintegração de posse do Pinheirinho incubida ao poder público ( Prefeitura e Estado de São Paulo)   deveria ter sido planejada em concordância com a Justiça e sob a supervisão do Juízo da Execução e a eles  caberia procedê-la de modo a assegurar os direitos e a integridade física dos ocupantes e de suas famílias.  O Estado de São Paulo acionou a Polícia Miliatar e procedeu à reintegração mediante violência ( via armata) como tem procedido, aliás, em todos os eventos sociais em São Paulo.    Por fim é de se indagar: quem foi o beneficiário dessa violência? Qual o interesse econômico imbutido na ação?  É dispensável dizer  o nome do reintegrado-beneficiário, todo mundo sabe:  ele é um "veneráveis bandidos".

VHCarmo.


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