domingo, 22 de maio de 2016

UMA GUINADA Á DIREITA...


                    Uma guinada à Direita no Itamaraty.

A desqualificação do nosso país e de sua soberania está posta.  A escalação de José Serra para Ministro do Exterior deste governo ilegítimo é altamente significativa. Ele representa o caminho mais curto para a derrocada de nossa política externa independente e do nosso projeto de nação. 
José “Cerra” foi, no governo FHC, um lesa pátria e o gestor principal da alienação de nossas empresas públicas estratégicas e o mentor da política de subserviência aos interesses norte-americanos.
 Na interinidade do governo do Traidor Temer, Serra já inicia, mediante medidas esquivas, o caminho mais rápido para a  submissão do nosso país à política externa dos EEUU para a América Latina, ou seja,  voltar  a ser parte do quintal do império.

 Nestes poucos dias do governo usurpador do Traidor Temer Serra já remove embaixadores em lugares chaves da nossa política externa e nomeia gente maleável à sua nefasta política de submissão.  Já declarou sua intenção de retirar o Brasil do Mercosul, dos Brics e das políticas para a África.  Ele tem pressa.  O pre-sal para Chevon é sua meta imediata, seu projeto tramita no Congresso.
A meta dos usurpadores é desestruturar, o mais rápido possível, todas as inciativas e participações do nosso país promovidas  pelos governos populares de Lula e Dilma que mantiveram uma política externa independente e se portaram dignamente frente aos poderosos do mundo, granjeando respeito pessoal  e  para o nosso país, que sem favor, alçou-se à sexta economia mundial, sendo figura de proa em todos os organismos internacionais (ONU. G20.OEA, Mercosul, Unasul, Brics....).
Transcrevo, abaixo, texto do grande e patriota embaixador Celso Amorim que alerta para a deletéria ação dos usurpadores, chefiados pelo Traidor Temer, na política externa do país:


Uma imagem vale mais que cem palavras, diz o provérbio chinês; e uma ação vale por cem imagens, poder-se-ia complementar. E, no entanto, na diplomacia, as palavras podem ter grande peso.

A combinação das palavras com as ações em matéria de política externa, que se ouviram ou viram até aqui, inspira preocupação.

É até compreensível que o novo chanceler do governo interino defenda o processo que o guindou ao cargo, amplamente criticado no mundo, ainda que uma grande parte da população brasileira considere tal processo ilegítimo.

E não estamos falando apenas dos militantes do PT e do PC do B, mas de artistas e intelectuais, que, de maneira intuitiva, interpretam a alma do povo. Certamente, a imagem da equipe do filme "Aquarius", estampada pela Folha em sua primeira página da edição de quarta-feira (18), contrasta, inclusive por sua diversidade, com as figuras cinzentas que aparecem na cerimônia de posse do presidente interino.

 Por um momento, ao vê-las, com os áulicos de ontem e de sempre, fui transportado aos eventos palacianos do tempo do governo militar, quando não se viam mulheres, negros ou jovens.

O que assistimos no Itamaraty guarda semelhança com esse quadro mais amplo.

Em suas primeiras ações, o novo chanceler disse a que veio: com palavras incomumente duras, que fazem lembrar os comunicados do tempo da ditadura, como a acusação de que governos de países da nossa região estariam empenhados em "propagar falsidades", as notas divulgadas (aliás, estranhamente atribuídas ao Ministério das Relações Exteriores e não ao governo brasileiro, como de praxe, com o intuito provável de enfatizar a autoria) atacam governos de países amigos do Brasil, ameaçam veladamente o corte da cooperação técnica a uma pequena nação pobre da América Central e acusam o secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), um ex-presidente colombiano, eleito pela unanimidade dos membros que constituem a organização, de extrapolar suas funções.

Um misto de prepotência e de arrogância pode ser lido nas entrelinhas, como se o Brasil fosse diferente e melhor do que nossos irmãos latino-americanos.

Talvez, por prudência (ou temor do sócio maior dessa entidade), as notas evitaram palavras equivalentes sobre a OEA (Organização dos Estados Americanos), a despeito das expressões críticas do seu secretário-geral e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Até o momento, eximiu-se de manifestar-se sobre as preocupações expressadas pela pequena, mas altiva Costa Rica, insuspeita de bolivarianismo.

Mas o que mais preocupa é o afã em diferenciar-se de governos anteriores, acusados de ação partidária, como se esta só existisse na esquerda do espectro político. Quando o partido é de direita, e as opções seguem a cartilha do neoliberalismo, não haveria partidarismo. Tratar-se-ia de políticas de Estado.

Há muito que "especialistas", cujos discursos são ecoados pela grande mídia, acusam de "partidária" a política externa dos governos Lula e Dilma, esquecendo-se que muitas de suas iniciativas foram objeto de respeito e admiração pelo mundo afora, como a própria Unasul —aparentemente desprezada pelos ocupantes atuais do poder— os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul; sem os quais não teria havido a primeira reforma real, ainda que modesta, do sistema de cotas do FMI e do Banco Mundial) e o G-20 da OMC (Organização Mundial do Comércio), que mudou de forma definitiva o padrão das negociações em nível global.

Ao mesmo tempo, busca-se derreter o Mercosul, retirando-lhe seu "coração", a União Aduaneira (para tomar emprestado uma metáfora do presidente Tabaré Vasquez).

Em matéria comercial, o afã em aderir a mega-acordos regionais do tipo do TPP (a Parceria Transpacífico ) denota total ignorância das cláusulas, que cerceiam possibilidades de políticas soberanas (no campo industrial, ambiental e de saúde, entre outros).

Chega a ser espantoso que alguém que se bateu, com coragem e firmeza, pelo direito de usar licenças compulsórias para garantir a produção de genéricos, não esteja informado da existência de cláusulas, intituladas enganosamente de Trips plus (na verdade, do nosso ponto de vista, seriam Trips minus), que, de forma mais ou menos disfarçada, reduzem a latitude para o uso de tais medidas, no momento em que comissões de alto nível criadas pelo secretário-geral da ONU alertam para o risco de debilitar a Declaração de Doha sobre Propriedade Intelectual e Saúde, consagrada pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, aprovada pelos chefes de Estado na 20ª Assembleia Geral da ONU.

A África, de onde provém metade da população brasileira e onde os negócios do Brasil cresceram exponencialmente —sem falar na importância estratégica do continente africano para a segurança do Atlântico Sul- ficará em segundo plano, sob a ótica de um pragmatismo imediatista. Sobre os Brics, o Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), as relações com os árabes, uma menção en passant. Esqueça-se a multipolaridade, viva a hegemonia unipolar do pós-Guerra Fria. Nada de atitudes independentes.

A Declaração de Teerã, por meio da qual o Brasil, com a Turquia (e a pedido reiterado do presidente Barack Obama, diga-se de passagem) mostrou que uma solução negociada era possível, completou seis anos, no dia 17 de maio. Na época, foi exaltada por especialistas das mais variadas partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos. Porém causou horror aos defensores do bom-mocismo medíocre em nosso país.

Mas as elites não terão mais nada a temer. Nenhuma atitude desassombrada desse tipo voltará a ser tomada. O Brasil voltará ao cantinho pequeno de onde nunca deveria ter saído.

CELSO AMORIM, diplomata de carreira, foi ministro das Relações Exteriores (governos Itamar e Lula) e da Defesa (governo Dilma)

 

2 comentários:

  1. Morreu ontem aqui em Domingos Martins, Gustavo Wernesbach, ex-deputado estadual aos 105 anos. Foi autor de uma lei que previa mandato voluntário de vereador, sem salário, e ficou na Câmara até 1955. Nós, já colocamos isto várias vezes em nossas manifestações, escritas e faladas. Somos favoráveis à redução de partidos políticos, extinção de Câmara de vereadores e, lembrar vários e inúmeros deslizes e incoerências, que todos já conhecem, de nossos políticos.
    Meu amigo Victor Hugo, mais velho do que eu, advogado e funcionário do Banco do Brasil, preste atenção: o seu sonho, os próprios que você defende, não merecem sua confiança, amigo. O PT foi mentor do mensalão e do petrolão, e não vítima das práticas de políticas tradicionais, como tenta defender.
    A Vale do Rio Doce completa 19 anos de privatização neste mês. Merece festa. Se continuasse estatal, poderia estar no buraco, como a Petrobras.
    Não sou nada e, no entanto quando sai da Shell e fui trabalhar na grande estatal, me desiludí perdendo a alegria de trabalhar, solicitando, aos 45 anos demissão de uma empresa que não valoriza o trabalhador. O ex-ministro José Dirceu, egresso do mensalão, acaba de ser condenado a mais de 23 anos de prisão por corrupção na âmbito da operação lava jato. Mais uma mancha ética na história da sigla, que um dia se disse diferente das demais.
    Mais uma vez, os petistas se colocam no papel de vítimas das classes dominantes, sendo que, ao contrário, o partido foi o mentor dos esquemas.Não há como se eximir dessa responsabilidade.
    ACORDA, MEU CAMARADA. VOCÊ, SIM, É UM HOMEM DE BEM!

    ResponderExcluir
  2. Continuo acompanhando as sempre oportunas mensagens desse meu querido amigo,mas com grande tristeza por ver que a situação do país está cada dia mais difícil.Carinhos da Angelica.

    ResponderExcluir