domingo, 29 de maio de 2016

SOBRE AS ORIGENS DA CRISE E O NOSSO PAÍS ...(Reflexão necessária)


É significativo o título do livro, recentemente reeditado com novas e preciosas análises, do notável economista norte americano  Joseph E. Stiglitz:  “O Mundo em queda Livre”.  Após a recessão americana iniciada em 2008, com a explosão da bolha financeira e falência dos bancos até aqui, a crise não foi debelada, sustenta o autor.

A preservação das diretrizes do sistema financeiro e a salvação dos bancos, para continuar operando, de pouco valeram. A crise sistêmica persiste e, dada a importância da economia americana, permanece atingindo  toda a periferia, embora de modo diferente. 

A Europa, com a crise geral, viu agravada a crise do Euro, ou seja, a instabilidade instalada, principalmente, nos países mediterrâneos e nos do Leste, de economias mais vulneráveis.

 A impossibilidade daqueles países, de economia mais fraca no quadro europeu, de gerir o curso da moeda (valoriza-la o desvaloriza-la), além de diminuir gravemente a sua soberania, impediu uma gestão orçamental responsável e eficiente, produzindo,  por sua vez,  a severa diminuição da ação regulatória do Estado para a finanças.   Note-se que o Orçamento dos países da União Europeia segue (ou deve seguir) as regras rígidas estabelecidas pela Troica e o Banco Central Europeu, verdadeiros gestores e controladores da moeda comum, fato que torna esses países sempre devedores, em graves crises orçamentais.

De que forma um país como o Brasil é atingido pela crise?  A sua inserção no mundo dos negócios e a oscilação dos preços das comódes principal artigo de nossa exportação, atingindo preços bem abaixo da média, implicou na queda do saldo da nossa balança do comércio exterior. Fator negativo acrescido pela diminuição do volume exportado e afetando a capacidade de importar.    Assinale-se que já houve uma reação, nos dois últimos trimestres, uma ligeira recuperação de preços e o aumento do volume exportado ensejaram  substanciais saldos positivos. Estes fatos positivos foram acompanhados pelo forte ingresso de investimentos diretos cujo destino brasileiro é o terceiro do mundo o que demonstra a importância da nossa economia.

A crise do capitalismo, como assinala J. Stiglitz, que teve o seu fulcro inicial nos EEUU, espera que a recuperação do Império possa debelá-la, pelo menos, nos seus aspectos mais graves.     Isto, porém, não vem acontecendo e o poderoso país vem registrando números alarmantes da progressão da pobreza de seu povo e não conseguindo estabelecer a regulação do setor financeiro.     Os bancos lá socorridos pelo Estado, continuam agindo da mesma forma que os levou à falência, sem que as agências reguladoras passem a atuar e denunciar.

A crise que atinge o Brasil, respeitada a inserção de cada um na economia mundial, atinge também  praticamente  todos países até mesmo aqueles cujo regimes políticos se diferenciam.

A crise mundial vinha sendo administrada no Brasil pelo Governo Dilma, sem maiores sacrifícios da população.   No seu segundo mandato, no entanto, a mídia promoveu com os partidos políticos da oposição e  o  Congresso um bloqueio legislativo das medidas visando ao crescimento e até promovendo as chamadas “pautas bombas”, impedindo a continuação de uma gestão eficiente da crise em claro benefício do setor financeiro e com seguida ruptura da legalidade e dos princípios constitucionais. A Câmara, diga-se, era administrada por um dos maiores autores de crimes financeiros contra o país

Lá nos EEUU como aqui, o setor financeiro se rebelou contra qualquer regulação e os órgãos internacionais ligados à regulação atuam politicamente em favor do sistema financeiro mundial e, visando auxiliar o movimento golpista, esses órgãos “reguladores” passaram a rebaixar a nota do Brasil, sem que houvesse modificações consistentes na gestão econômico/financeira, por fim  se juntaram ao movimento.

O Brasil continuava, até o afastamento da Presidenta,  com todos os pressupostos econômicos mantidos. Com uma nutrida reserva no Tesouro, sem crise cambial, longe do FMI, do qual é credor; inflação em queda, mantendo em vigor todos os seus programas sociais.    Vê-se, pois,  que a crise embora séria, estava aqui no Brasil sobre controle.

Com o desenvolvimento do Golpe, e a instalação desse governo provisório os seus promotores mostraram sua cara e sua mente destruidora.

As divergências internas dos dirigentes golpistas surgiram, movidas naturalmente pela cobrança de participação no butim, afloraram bem cedo mediante delações e grampos que vieram a público.           Colocaram o rei nu.  A miséria humana se revelou na sua mais trágica versão

Traidores traindo outros traidores, cobrando-se, mutuamente, medidas prometidas para protege-los contra a Justiça;  especialmente trouxeram ao público a imagem do chefe do governo  provisório, do Traidor Temer, que a todo momento – através dessas delações e grampos -  mostra  a sua cara: além de traidor; é um corrupto reincidente.  Revelaram-se, enfim, os principais criminosos golpistas, cobrando dos parceiros no governo provisório, a salvação  prometida com o afastamento da Presidenta que articularam. Onte, à noite, foi visto o Ministro do STF Gilmar Mendes, entrando na casa do Traidor.   Para quê será?

Esperar a volta da Presidente e promove-la pela luta constante,  por todos os meios e modos, é o dever de todos nós.

Não há dúvida: os grampos e as delações divulgados e as divergências que se instalaram entre os golpistas fazem reascender a esperança que o Senado caia na real e  impeça um erro histórico, em prejuízo do país e de suas instituições democráticas. Vamos ver!

____________________________ VHCarmo.

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