quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

UM MOMENTO DE POESIA (é o algo mais).


Voltar neste humilde bloguinho ao soneto é uma espécie de sina. Desígnio movido pela emoção desse tipo de poema que nem a crueza da vida atual, tão afanosa, consegue velar.  Já foi afirmado aqui mesmo, mas impõe repetir, que o soneto transcende ao tempo e a definições de temas.
Importa - esse o objetivo de expô-los - ser o soneto o veículo, por excelência, da emoção, da exaltação do amor, da dor e dos sentimentos mais diversos. 
Olhem só, como esse poeta tão pouco divulgado, Freitas Guimarães, fala do amor à sua companheira que iniciava, então, o outono da vida.

                                À minha esposa.

Na cabeleira farta e perfumada,
farta ainda hoje e perfumada ainda,
descobriste depois de penteada,
um fio branco de uma graça infinda.

Uma nuvem passou, na iluminada 
esfera dos teus olhos! E eu, mais linda
acho que estás agora, assim ornada
da nobre joia com que Deus te brinda.

Pode a neve cair em teus cabelos,
transformando os esplêndidos novelos
que têm do ébano a cor, em alva prata!

Os poderosos e risonhos laços
de amor, que me prendem nos teus braços,
só a morte cruel que os desata.

José de Freitas Guimarães - Estado de Minas - (1873/1944).
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VHCarmo. 



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