terça-feira, 3 de dezembro de 2013

FHC SEM MEMÓRIA ...

Na oportunidade de comentar o último artigo escrito no Domingo (1.12) nos jornalões O Globo e  Estado de São Paulo, muitos cronistas sérios  anotaram o  ódio com que  Fernando Henrique Cardoso se refere ao ex-presidente  Lula, à Dilma  e ao Partido dos Trabalhadores.
Por outro lado,  o texto torna evidente a pouca lucidez do ex-presidente – (é o mínimo que se lhe pode atribuir) no exame da conjuntura atual – iniciada no governo Lula - em confronto à  que ele promoveu na  loucura  “ultraliberal” de seu governo.
Ele  deixa claro naquele texto que a sua atuação  passada teria sido um sucesso quando, à unanimidade, todos analistas isentos não escondem, isto sim,  o triste fim a que se chegou ao término de  seu segundo mandato.
 O Brasil saiu, então, ferido em  sua soberania, pressionado por uma imensa dívida externa, mediada pelo FMI que passou monitorar a nossa economia e com todos os dados macroeconômicos em baixa, tais como o emprego, a inflação ( em mais de 12%), os salários congelados, inclusive o salário mínimo, a  economia estagnada e perspectivas sombrias para o futuro. 
Indaga-se: o que afinal levou o ex-presidente ser esse verdadeiro “cara de pau” que, em suas manifestações, parece tratar todos os leitores como imbecis, ignorantes e desmemoriados.
Ainda uma vez este escriba recorre aqui  ao filósofo francês  Dany-Robert Dufour. O  intelectual analisa aquela fase em que atuava FHC, nosso pretensioso  sociólogo, em anexo de seu livro  “ O indivíduo que vem  ... após o liberalismo”, (já aqui citado), colocando as coisas no lugar, ativando a memória do ex-presidente.
Ao propor 33 medidas para a superação da fase do neoliberalismo o filósofo, no item 28, citando o exemplo brasileiro,  escreve o seguinte:
“Se impõe transformar a dívida externa (pública) em dívida soberana interior é porque um Estado literalmente vendido à "plenoxia" não pode decidir nada. Este Estado deverá então recompra-la (em todos os sentidos do termo, ou seja, moralmente e financeiramente)  para seus habitantes para que eles se tornem os seus proprietários (a desdolarização).
Sabe-se que estas medidas permitiram ao Brasil conhecer hoje em dia um forte desenvolvimento. A partir de 2003 no início dos anos Lula, o Brasil quitou efetivamente uma grande parte de sua enorme dívida com o FMI e com a finança internacional, resgatando-a muito mais rapidamente que o previsto.  Em seguida a política de estímulo à agricultura e à indústria nacionais permitiu a Lula produzir saldos comerciais excedentes. Os investimentos meramente especulativos foram desencorajados em proveito de investimentos na produção.  E finalmente porque o Estado propôs aos nacionais a compra de uma boa parte da dívida externa, proporcionando-lhes taxas de juros mais vantajosas.
Por outro lado essa medida contribuiu para desarmar a oposição conservadora de uma parte dos brasileiros mais ricos ou ajudar um governo supostamente "socialista", produzir este reequilíbrio entre a dívida externa e interna e permitir o Brasil , até então muito endividado no exterior, a recuperar sua soberania, de tal forma que  pôde ser um dos últimos países a entrar na crise e o primeiro a sair."
 Ao pé da página:
"Essas soluções permitiram a Lula, antigo operário metalúrgico, de se mostrar muito mais eficaz  do que seu predecessor, o eminente sociólogo e político  "de esquerda" conhecido no mundo inteiro, Fernando Henrique Cardoso.   Impõe afirmar que  a única solução proposta por esse último tinha, em boa lógica ultraliberal, de vender toda a indústria nacional do Brasil à finança internacional para reembolsar a dívida.  Solução que mostrou claramente seus limites posto que o Brasil chegou ao fim de seu segundo mandato , ainda mais endividado que antes.  Isto não impediu ao eminente sociólogo de tentar, por todos os meios, um terceiro mandato, vetado pela Constituição, a fim de "realizar sua sonhada obra"  o que,  muito sabiamente, os brasileiros recusaram".
Notemos, de passagem, que após 8 (oito) anos de governo em que a dívida externa foi solucionada, Lula deixou o governo com cerca de 80% de opinião favorável, deixando um país mais unido e mais seguro de si do que nuca dantes, malgrado suas profundas divisões - isto  faz morrer de inveja muitos de nossos dirigentes europeus".
Quem sabe seria de se recomendar ao pretensioso sociólogo – que anda tão esquecido -  a leitura do filósofo Dany-Robert ....
 VHCarmo.


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