domingo, 10 de janeiro de 2016

QUEM É NELSON BARBOSA!

 

Olhem só quem é Nelson Barbosa:

 

Nelson Barbosa, o ministro, por Paulo Nogueira Batista Jr.

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Não é segredo para os que acompanham este blog, minha admiração por Paulo Nogueira Batista Jr.
Não apenas por suas posições econômicas e políticas, mas por algo que falta aos economistas em geral: a capacidade de falar de forma a evidenciar o pensamento, não de escondê-lo.
Uma de suas expressões corriqueiras descreve melhor quem manda na política financeira do Brasil melhor do que qualquer tratado.
Porque é em português claro, compreensível nos Jardins ou em Imbariê, Duque de Caxias.
Turma da Bufunfa.
Deve dar calafrios a muita gente se ver exposto, pelado assim, numa análise econômica.
Já nutri o sonho de vê-lo Ministro da Fazenda. Já pensaram um ministro da Fazenda que seja capaz de falar do jeito que o povo entenda?
Sei que foi demais, porque ministro da Fazenda assim é pior do que qualquer coisa, porque economia não é para ser clara, não é para ser entendida, como não são para consumo público as informações sobre como são feitas as leis e as salsichas.
Mas cultivo o hábito de usá-lo como bússola e, por isso, reproduzo seus comentários sobre Nelson Barbosa, o novo ministro da Fazenda, que assume pisando em um tapete de ovos, com a obrigação de falar o mesmo que o seu antecessor – sucesso de crítica e fracasso de público –  e fazer tudo diferente.
“Hoje quero escrever um pouco sobre o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Vou dizendo logo de cara: não é amigo, nem posso dizer que sou próximo a ele. Mas, ao longo dos últimos anos, na condição de diretor-executivo pelo Brasil no FMI e agora de vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, tive contatos profissionais frequentes com ele e não tenho dúvida em afirmar: é um economista e homem público excepcionalmente bem preparado. Possui sólida formação técnica, tem visão política e conta, apesar de jovem, com grande experiência de governo.
Perguntaram certa vez a Nelson Rodrigues se ele tinha algum conselho para os jovens. A resposta, fulminante: “Envelheçam, rapida e urgentemente!” Perfeito. Regra geral, a imaturidade do jovem o inutiliza para funções decisivas. Pois bem, Nelson Barbosa é uma exceção fulgurante à máxima do seu xará dramaturgo.
Quando nos conhecemos, há uns dez anos, ele me passou de imediato impressão muito favorável. Não por afinidades ideológicas — “A ideologia é uma plataforma precária”, dizia Maria da Conceição Tavares —, mas porque suas observações revelavam inteligência e originalidade. Quando eu estava em Washington, e o FMI organizava missões ao Brasil, sempre recomendava que incluíssem Nelson Barbosa na agenda de visitas em Brasília, mesmo antes de ele se tornar secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Invariavelmente, os representantes do FMI saíam impressionados das reuniões com ele e sua equipe.
Aliás, devo acrescentar que com Nelson Barbosa trabalha uma nova geração de economistas e administradores públicos muito competentes: Dyogo de Oliveira, Manuel de Castro Pires, Esther Dweck, entre outros. E o novo ministro reteve da gestão anterior secretários de grande experiência e competência: Luís Balduino Carneiro, na Secretaria Internacional; e Jorge Antonio Rachid, na Receita Federal.
Digito estas linhas e paro, com uma ponta de tristeza. Certas coisas marcam a passagem do tempo. Uma nova geração está, neste momento, assumindo a enorme responsabilidade de resolver questões que a minha geração de economistas não conseguiu equacionar. Ficamos, nós, às voltas com a crise da dívida externa da década de 1980, a hiperinflação que se seguiu, desequilíbrios fiscais crônicos, persistente sobrevalorização cambial, crises políticas recorrentes — todo um conjunto de problemas que impediram o Brasil de deslanchar e se desenvolver de forma sustentada.
Mas, enfim, chegou sangue novo, uma vontade nova. E é disso que precisamos. O desafio que Nelson Barbosa enfrentará é imenso, como todos sabemos. A recuperação da atividade produtiva vai demorar. O desemprego continuará aumentando no curto prazo. O quadro político interno não facilita a estabilização da economia. A situação internacional se mostra cada vez mais conturbada [e o país onde moro atualmente (a China) é um dos maiores focos de preocupação].
Uma coisa é certa, entretanto: Nelson Barbosa conhece como poucos, e de dentro do governo, a dimensão do desafio que o espera. Tenho certeza de que ele estará à altura da grande honra e da grande responsabilidade que é ser ministro da Fazenda do Brasil.”.
Pensando bem, acho que existe algo neste pensamento de Paulo que se aplica a mim, na crítica política. Acho que é um exercício de humildade o de saber que somos, pela trajetória, capazes de saber onde o chão é firme, sólido, capaz de apoiar um salto. Talvez, como ele diz, já nos faltem forças para usar isso para um salto.
Mais ainda quando a alguém, como Barbosa, se coloque o desafio de saltar mantendo os pés no chão.


 

           

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