quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A TAXAÇÃO DO CAPITAL (REFLEXÃO NECESSÁRIA).


                    REFLEXÃO NECESSÁRIA

Há uma realidade no mundo atual que se afirma inédita: todos os Estados economicamente mais importantes do Capitalismo apresentam em seu orçamento grandes saldos devedores; são basicamente Estados Devedores, sendo que alguns deles, como os EEUU, de uma forma alarmante.

Vê-se que na nossa mídia e no pronunciamento de seus “economistas” de plantão, o “Brasil cobra imposto demais”.  Esta é uma falácia; NÃO É VERDADE.  Apesar de nossa dívida interna  não ser das maiores, o Capital (os detentores de  grandes patrimônio e  ativos financeiros)  é o beneficiário mais relevante da dívida.

 A arrecadação de impostos se opera de forma que o seu déficit, coberto por empréstimo feito ao Capital, pesa sim, mas de forma injusta nos assalariados e no consumo em geral.   A acumulação da renda em uma minoria se opera constantemente, neste país, e é resultado de um orçamento que tem de se endividar para fazer face aos encargos sociais do Capitalismo Democrático.  

 As fontes de recursos provenientes dos impostos  são de tal forma desigualmente  distribuídas na taxação  que a sua gestão produz a acumulação da riqueza no polo dos mais ricos e detentores do Capital, consequentemente reproduzindo constantemente a desigualdade.

Thomas Picketti em seu livro “Le Capital au  XXI  siecle”,  assim se pronuncia sobre o problema, assinalando a necessidade inadiável de estancar essa dinâmica  e sugere a taxação do Capital:

“O papel principal do imposto sobre o capital não é só o de financiar o Estado social moderno, mas de regular o capitalismo. Se trata, de uma parte  evitar uma espiral de desigualdade sem fim e uma divergência sem limite de desigualdades patrimoniais, e, de outra parte, de permitir uma regulação eficaz das crises financeiras e bancárias”.

“Mas, antes de cumprir este duplo papel, o imposto sobre o capital  deve de plano permitir-se atingir um objetivo de transparência democrática e financeira sobre o patrimônio e os ativos por todos em escala internacional”. (pg. 840).

O economista francês sugere uma taxação bem modesta em torno de 0,1% sobre capitais financeiros e patrimoniais que, segundo os seus cálculos estancaria a produção de desigualdade até no nível internacional.   O economista demonstra a possibilidade da aplicação desta taxação usando-se os meios e o mecanismo usados pelos fraudadores.

No Brasil a enorme riqueza patrimonial e financeira de uma reduzida parcela da população (Capital) permanece sem taxação, ou seja, imune de impostos, pois continua sem regulamentação no Congresso. o imposto adotado na Constituição de 1988 sobre as “grandes fortunas”.

Fica claro que não há, nem pela mídia, muito menos pelo Congresso o propósito de promover a regulamentação do preceito constitucional. As tentativas de regulamentação havidas até aqui, tanto do Poder Executivo como de membros do Congresso, envelhecem nas  gavetas do Legislativo. O discurso midiático, como se vê, desvia o foco do problema da dívida interna.

As dificuldades orçamentárias presentes com que se debate o Estado Brasileiro resultam da injusta taxação dos impostos que  penalizam os mais pobres e os assalariados e enriquecem ainda mais  os mais ricos, mediante a acumulação.
_________________________

VHCarmo.

 

 

Um comentário:

  1. Por tudo e muito mais que isso... sonhamos com um País em distritos. Há que se vigiar tudo!

    ResponderExcluir