Há certas afirmações
públicas que definem um político e confirmam suas ações pretéritas sobre as
quais podiam pairar algumas dúvidas a respeito de seu julgamento pessoal.
Fernando Henrique Cardoso apesar de ter
chegado à Presidência da República não se tornou um político respeitável por
mais que a mídia conservadora tem feito para projetá-lo. A afirmação que pronunciou
com ênfase num momento importante do recente processo eleitoral findo que,
apesar de difícil para o governo, revelou a maturidade do povo, FHC, simplesmente
desqualificou o voto da presidente Dilma, ao afirmar sem rodeios e pretensiosamente que ela teria
sido eleita pelos “grotões ignorantes do nordeste”.
De logo o que choca é a
ostentação de sua condição, sempre exibida, de ser o “príncipe dos sociólogos”.
Não se desculpa o autor do conceito absurdo por o ter pronunciado num momento em
que estaria assomado por uma provocação a repelir ou coisa parecida; não, falou com o seu
ar doutoral enganoso. Emitiu conceito que, embora sintético em palavras, revela
tristemente a sua condição de falso intelectual.
Sociólogo, que se prese,
sabe que a cultura que vem do nosso nordeste é produto da construção histórica
do país e se espalha por toda a cultura nacional, a partir dos grandes
intelectuais e artistas (escritores, poetas, músicos e intérpretes) que produziu e
continua produzindo em todos os campos do conhecimento e da política. Não cito nomes; é desnecessário.
O nordeste, até mesmo
pelo “locus” que foi na luta pela formação e afirmação da cultura e soberania
nacionais pontua a nossa história conduzindo os mitos, a miscigenação de raças,
as culturas laicas e religiosas, a música popular, seus intérpretes e sobretudo
manter-se tendo sido discriminada como região por governos como o do “intelectual”
FHC. que se serviram do coronelismo, ora
em fase terminal.
Deu-se no nordeste,
recentemente, um impulso político e econômico e com isso a região já se projeta
como essencial ao crescimento do país, registrando índice regional de maior
parte do PIB nacional. Políticas
direcionadas ao nordeste fizeram decrescer as migrações dos nordestinos para
sul e mesmo fazer retorná-los à terra, aos “grotões” saudosos.
Não podiam ser mais
grotescas, grosseiras e ofensivas as curtas palavras do falso “príncipe”, por outro
lado revelam o grau de sua enganosa “cultura” pedante, nascida nos meios
conservadores das elites ignorantes e discriminadoras de uma parte do sudeste em decadência, esvaziada de sua hegemonia
econômica.
O príncipe - na sua ostensiva “sabedoria”
parece ignorar existência das modernas metrópoles do nordeste que, além dos seus grotões,, também votaram em esmagadora maioria na Presidenta Dilma.
Dos grotões de FHC - é de
se ressaltar como emblemático– surgiu um metalúrgico que chegou à Presidência da
República e dela saiu com o maior grau de aprovação da história do país, bem
diferente da manifestada sobre o “intelectual”, comprador de votos no Congresso. Demais, sem favor nenhum, o imigrado do nordeste
com sua cultura autêntica é considerado pelo mundo inteiro - onde se tornou modestamente
doutor “honoris causa” - um verdadeiro estadista querido por seu povo.
Far-se-ia um benefício
ao FHC e também a todos brasileiros se o fizessem calar, quem sabe, se calado
se torne um sábio?.
VHCarmo.
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