domingo, 31 de maio de 2015

Capitalismo e Democracia (Reflexão).


                    CAPITALISMO E DEMOCRACIA 

Há uma análise que se mostra evidente e tão atual, em relação ao momento político e econômico do capitalismo mundial que, se não prevalecessem aqui no Brasil os interesses partidários e midiáticos que as omitem e as censuram, o nosso grande público as entenderiam e se posicionariam de modo positivo no âmbito interno.
Os nossos partidos da esquerda, principalmente os da estrema esquerda são absorvidos pelo  discurso ético sobrepondo-o ao essencial pragmatismo na atuação política, fato do qual se aproveitam os setores organizados da direita para os manter   aos seus serviços principalmente quando sobrestimam a corrupção, entre outros fatores, usando-a  de forma contraditória, contra as forças que promovem o seu combate.

Em termos reais, a corrupção - como inevitável no capitalismo -  constitui-se, na condução da política democrática, fator  importante a ser combatido, mas não  decisivo a se tornar fim em si mesmo.  Demais, cumpre ao Estado democrático criar os meios de combate-la e exercitá-los.

 O discurso central do momento se situa no tema Capitalismo ou Democracia, permeado pelo crescimento. A discussão se particulariza pelo confronto entre o Capital liberalizado (sem regulação) que quer perpetuar-se e o Estado democrático, com a sua missão de manter os programas de distribuição da renda, o atendimento dos programas sociais e a permanente promoção dos interesses coletivos, na infraestrutura,  sempre  no seu interesse maior, visando a diminuição da desigualdade.   O Capital liberal desregulado, ao maximizar seus lucros, tende a gerar a desigualdade pela acumulação da renda e a impedir o crescimento.

A manutenção e continuidade da atuação democrática do Estado se baseia nos meios financeiros (sobretudo os impostos) que lhe são atribuídos e supostamente  cobrados da sociedade e de todos os contribuintes de maneira proporcional e democrática. A função do Estado democrático  dependente  de sua atuação política e tendo como base de seus recursos na sua quantificação e atribuição, à atuação parlamentar e à composição político/partidária  de sua representação.

 No Brasil, como de resto nos principais países capitalistas os Estados vêm-se tornando Estados Devedores, cujos recursos são insuficientes não só para o atendimento de sua governabilidade democrática como também para a sustentação das dívidas que são obrigados a assumir, obrigando-se a  endividar-se cada vez mais. E o setor do Capital financeiro se nutre dos títulos públicos da dívida soberana, mantendo a crise que parece não ter solução à vista.

O dispêndio de energia dos partidos ditos da esquerda ao se ligarem a temas marginais e estéreis – e à mútuas agressões verbais – tem como efeito indireto apoiar a atuação do Capital liberalizado.  O endividamento e a impossibilidade de  o Estado taxar devidamente as grandes fortunas e o ganho do Capital, operam de maneira a perpetuar a desigualdade e gerar a pobreza.

 Esse quadro, atualíssimo na nossa política, não vem sendo bem focado nos setores da esquerda democrática – repita-se – posto que estão mais interessados em discutir a excelência do seu discurso teórico estéril, sublimando a questão ética em termos subjetivos restritos, divorciada da política.  As ações visando a manutenção da atuação democrática na promoção dos interesses populares (do Estado Democrático) passam a ser esquecidos ou minimizados por esses setores.

 A mídia na sua atuação política, vem exercendo uma verdadeira censura ao não abordar a questão  por seu lado autêntico, dando munição às querelas entre aqueles setores da esquerda, desviando-os de seu próprio interesse partidário.  

VHCarmo.  

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