Este modesto blogueiro andou viajando pelo sul do
Brasil. Volta, como é normal,
entusiasmado com nosso país, nossos avanços e sobretudo com esse nosso maravilhoso
povo. Volta com as "Cataratas do
Iguaçu" nos olhos e seu estouro das águas no ouvido. Volta tendo
contemplado a maior usina hidroelétrica do planeta Volta feliz e vai continuar escrevendo aqui
neste espaço com a complacência de vocês.
OLHEM
SÓ: -
O
jornalista e analista político Wanderley
Guilherme dos Santos em texto exibido no número desta semana (18.01) da Revista
Carta Capital sob o título "Vem
pra rua você também - De como e por que o Partido dos Trabalhadores ajudou os
tucanos a descambarem para a direita" alinha uma duvidosa
argumentação a justificar o título. Vale comentá-lo.
De início diz o articulista:
"O PSDB não chegou
à direita pelas próprias pernas. Teve ajuda do Partido dos Trabalhadores (PT)
que se mudou para o centro, distendeu-o, e tornou praticamente inviável a
existência de uma coalizão de centro-esquerda" e, em seguida afirma:
"O centro estendido do PT também trouxe
dificuldade para o campo progressista"
e mais:
"Outra consequência da consolidação do
centro expandido foi a instauração de um vazio institucional à esquerda,
vicariamente ocupada por aglomerado de
grupos heterogêneos".
Ao desenvolver sua
análise basicamente com esses pressupostos acima, o autor se omite de analisar
o contexto em que se produz a situação político/partidário que aponta,
colocando-a em seu texto como num quadro estático e concluído, como se suas
afirmações estivessem imunes a uma outra análise sob o crivo da dinâmica do processo político.
Afirmar-se que o PSDB
chegou à direita com a ajuda do PT parece a esse escriba uma afirmação por
demais simplista que exigiria do autor um maior aprofundamento de análise. Quem acompanha minimante a trajetória do PSDB
já o vai encontrar neoliberal e
conservador quando ocupava o poder há mais de vinte anos. Levado à oposição, o partido jamais
abandonou explicitamente o seu discurso conservador, colocando-se contra todas
as medidas de caráter progressista que o PT e sua base aliada implementaram com
inegável sucesso e apoio social. Não houve por parte dos tucanos durante os
governos do Partido dos Trabalhadores qualquer aceno no sentido de
aproximação. Pelo contrário, o PSDB se
deixou levar - mais das vezes - pela mídia ultraconservadora e nos pleitos
eleitorais vem usando recursos condenáveis próprios da extrema direita,
desvirtuando a discussão legítima dos projetos e programas de interesse do
país.
Por outra parte, o
articulista não deixa claro no texto o seu conceito de esquerda/direita e
anuncia a existência de um "vazio institucional à esquerda", consequência
da consolidação do centro expandido (do
PT).
Ora, o veterano jornalista atribui também ao
Partido dos Trabalhadores a causa da posição sustentada pelos partidos da
extrema esquerda (seria a esquerda que ele
chama 'institucional) em face do processo político que se desenvolve dentro
de sua dinâmica própria. Ao que se sabe esses partidos se isolam na sustentação
de discursos revolucionários sem no entanto conseguirem bases populares de
apoio, tornando-se instrumentos de procedimentos direitistas ( o chamado mal infantil). De notar que a mídia conservadora os tolera e
deles se servem. São, historicamente, "partidos de guetos",
adotando o "voluntarismo"
e a "utopia" como bandeira.
Indaga-se: teria o PT impedido o
seu ingresso(?) institucional? É claro
que não.
Por fim, o jornalista
de certa forma encampa - talvez sem o perceber - um discurso antipetista de
vezo moralista que fica claro quando
afirma:
"O
centro estendido do PT também trouxe dificuldade para o campo progressista".
Quer ele dizer que o PT não se situa nesse campo e
nisso, evidentemente, repete a crítica que lhe faz a direita midiática. O mais rigoroso analista político e sociólogo
que conheça a história do Partido dos Trabalhadores pode lhe fazer restrições menos a de que o partido
não se situa no campo "progressista".' Indagar ao jornalista se impõe: onde o campo progressista que menciona?
Impõe,
por oportuno, chamar a atenção para o
aparecimento nas publicações, mesmo na imprensa séria, análises teóricas equivocadas
como essa, às vezes bem intencionadas, envolvendo o PT e tendo com fulcro a
questão de sua fidelidade aos princípios fundadores. Mais das vezes não conseguem aceitar um partido
e um governo que façam alianças para
governar, como se fora possível governar sem elas.
O Partido dos Trabalhadores e os partidos da
base aliada vem merecendo o apoio do povo, particularmente dos mais pobres e tem
"mudado o Brasil" para melhor o que é inegável. As alianças são
dinâmicas (no governo e na oposição) e se fazem em todos os setores da
ação política: essa é a regra do Estado
Democrático de Direito.
VHCarmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário