quarta-feira, 20 de agosto de 2014

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA -5


 UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA. 

A morte imprevisível de Eduardo Campos e o evidente embaraço que causou ao PSB se reflete naturalmente no processo eleitoral e isto o   mundo político percebeu e proclamou.   O inesperado do trágico acontecimento, no entanto,  ainda não foi deglutido pelos órgãos da mídia conservadora.

 A aceitação do fato de que Marina poderá  desequilibrar a eleição a partir de sua votação no pleito de 2010, - cerca de vinte milhões de votos - foi logo apropriada, praticamente sem discussão,  pelos  Jornais e Revistas  conservadores como se ela fosse capaz de repetir, nas atuais condições, aquela número de votos. É evidente que nem a comoção justificaria tal constatação prévia.
Evidentemente que as pesquisas feitas quando ainda insepulto o cadáver político de Eduardo  e a emoção que provocou possa ter acenado com a possibilidade. Despreza-se, porém,  o fator  tempo que cicatriza  emoções e restaura a racionalidade. 
Para se ter base para uma análise séria: nada autoriza, portanto, acreditar-se nessa transferência automática de votos que se sustente como real .
 A aceitação da nova candidata terá que passar, naturalmente, pelos testes normais de sua apresentação pessoal aos eleitores  e a natureza do discurso que vai sustentar em meio a contradições inafastáveis.  Em 2010 o seu partido era outro, o PV,  que, em tese, se afinava com Marina pelo discurso  Verde e, por outra parte, ela tornara-se, então,  uma terceira via embora  de vida extremamente curta como foi.
Acresce ainda  que o  discurso preferencial da candidata  é  sustentado pelas hostes do seu inconcluso partido  Rede da Sustentabilidade, incrustrado no PSB e  conflitante com a sua sustentação ideológica e, no terreno prático, também com os partidos aliados ora integrantes da   sustentação que era encabeçada por Eduardo Campos.  
Sintomático da “saia justa” em que se meteu a ex-Ministra é a declaração do Governador Renato Casagrante (PSB-ES)  : “ Marina  não vai onde já não iria” (FSP).  E a reunião final que a aceitou deixou clara a cisão no partido quando seus próceres fizeram questão de proclamar as diferenças existentes, especialmente quanto ao Agronegócio e o apoio já celebrado a candidatos a governador importantes do PSDB, inclusive ao de São Paulo cujo candidato a vice pertence ao próprio PSB.  O governador do Espírito Santo emendou: “Não há desconforto, tudo o que foi combinado com Eduardo será mantido”, mas se esqueceu de dizer que Eduardo está morto e Marina está organizando a Rede de Sustentabilidade, a menos que dele desista.  É o vale tudo eleitoral.
Concluindo: abre-se um fértil, mas intrincado caminho, pois pode acontecer que essa embaralhada das cartas eleitorais venha a resultar em prejuízo do objetivo maior da mídia que é, sem dúvida, eleger Aécio Neves o candidato mais conveniente para reestabelecer o projeto neoliberal o que resulta claro no seu discurso.
 A imprevisível  Marina – que não se define nem no PSB - ao contrário do esperado e pretendido pela mídia, poderá eventualmente garantir um segundo-turno com reduzidas chances de Aécio ou mesmo tornar-se a adversária mais própria para a reeleição da Presidente  Dilma.
É esperar para ver se a ex-Ministra não vai passar a ser o alvo preferido da mídia conservadora de modo positivo ou negativo. O tempo é cada vez menor para a direita se colocar neste jogo.   Quem viver verá.

­­­­­­­­­­­­­­VHCarmo.___________________________________

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