UMA REFLEXÃO
NECESSÁRIA. 5
A morte imprevisível de Eduardo Campos e o evidente
embaraço que causou ao PSB se reflete naturalmente no processo eleitoral e isto
o mundo político percebeu e proclamou. O inesperado do trágico acontecimento, no
entanto, ainda não foi deglutido pelos
órgãos da mídia conservadora.
A aceitação
do fato de que Marina poderá
desequilibrar a eleição a partir de sua votação no pleito de 2010, -
cerca de vinte milhões de votos - foi logo apropriada, praticamente sem
discussão, pelos Jornais e
Revistas conservadores como se ela fosse
capaz de repetir, nas atuais condições, aquela número de votos. É evidente que
nem a comoção justificaria tal constatação prévia.
Evidentemente que as pesquisas feitas quando ainda
insepulto o cadáver político de Eduardo e a emoção que provocou possa ter acenado com a
possibilidade. Despreza-se, porém, o fator tempo que cicatriza emoções e restaura a racionalidade.
Para se ter base para uma análise séria: nada autoriza, portanto, acreditar-se nessa
transferência automática de votos que se sustente como real .
A aceitação
da nova candidata terá que passar, naturalmente, pelos testes normais de sua
apresentação pessoal aos eleitores e a
natureza do discurso que vai sustentar em meio a contradições inafastáveis.
Em 2010 o seu partido era outro, o PV,
que, em tese, se afinava com Marina pelo discurso Verde e, por outra parte, ela tornara-se,
então, uma terceira via embora de vida extremamente curta como foi.
Acresce ainda que o
discurso preferencial da candidata
é sustentado pelas hostes do seu inconcluso
partido Rede da Sustentabilidade, incrustrado no PSB e conflitante com a sua sustentação ideológica
e, no terreno prático, também com os partidos aliados ora integrantes da sustentação que era encabeçada por Eduardo
Campos.
Sintomático da “saia justa” em que se meteu a
ex-Ministra é a declaração do Governador Renato Casagrante (PSB-ES) : “ Marina não vai onde já não iria” (FSP). E a reunião final que a aceitou deixou clara
a cisão no partido quando seus próceres fizeram questão de proclamar as
diferenças existentes, especialmente quanto ao Agronegócio e o apoio já
celebrado a candidatos a governador importantes do PSDB, inclusive ao de São Paulo cujo
candidato a vice pertence ao próprio PSB.
O governador do Espírito Santo emendou: “Não há desconforto, tudo o que foi combinado com Eduardo será mantido”,
mas se esqueceu de dizer que Eduardo está morto e Marina está organizando a
Rede de Sustentabilidade, a menos que dele desista. É o vale tudo
eleitoral.
Concluindo: abre-se um fértil, mas intrincado caminho, pois
pode acontecer que essa embaralhada das cartas eleitorais venha a resultar em
prejuízo do objetivo maior da mídia que é, sem dúvida, eleger Aécio Neves o candidato mais
conveniente para reestabelecer o projeto neoliberal o que resulta claro no seu discurso.
A imprevisível
Marina – que não se define nem no PSB -
ao contrário do esperado e pretendido pela mídia, poderá eventualmente garantir
um segundo-turno com reduzidas chances de Aécio ou mesmo tornar-se a adversária
mais própria para a reeleição da Presidente Dilma.
É esperar
para ver se a ex-Ministra não vai passar a ser o alvo preferido
da mídia conservadora de modo positivo ou negativo. O tempo é cada vez menor para a direita se colocar neste
jogo. Quem viver
verá.
VHCarmo.___________________________________
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