segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

AJUSTES, ou AUSTERIDADE - Reflexão necessária.


                  Ajustes, ou austeridade? – Reflexão necessária.

Os debates sobre a economia do nosso País, sustentados pelos  economistas conservadores, se focam quase exclusivamente na necessidade da aceleração do crescimento.   Para eles haveria uma estagnação e um perigo de retrocesso.

O remédio apontado por esse grupo, no entanto  é, mais uma vez, no sentido de liberação plena  da economia brasileira ao mercado internacional, com um duro ajuste financeiro interno e a sua desregulação. 

O seu discurso, via de regra, sequer traz à consideração um fator essencial para o exame correto do processo de crescimento do País  que é a sua inevitável ligação com o crescimento externo, ou seja, do centro do Capitalismo em crise desde 2007/2008.

Os relatórios sobre a conjuntura de outubro e novembro de 2014 da Comissão da UE, FMI, OCDE certificam a desaceleração da economia. Entre julho e outubro, o Woorld Economic Outlook do FMI reviu em baixa para este ano a previsão de crescimento mundial de 3,7% para 3,3% e do comércio mundial de 4,5% para 3,8%.  As diminuições mais significativas dizem respeito ao Japão          (de 1,7% para, 0,9%), à Russia (e 2% para  O,2%) do Brasil (de 2,3% para, 0,3% previsão), à Itália ( de 0,6% para 0,2%.).  As recuperações maiores, apesar de irrelevantes,  são a da Grã-Bretanha ( de 1,7% para 3,2%, incluindo os ajustes  na contabilidade nacional) e da Espanha  (de 0,6% para 1,3%).  
Os países emergentes e em desenvolvimento têm desacelerado constantemente de 7,5% para 4,4% neste ano (2014), a China de  10,4% para 7,4%.
Esse o quadro do crescimento (ou da desaceleração) da economia mundial, não focalizados aí os EEUU cujas especificidades desvirtuariam o estudo, sendo certo, todavia, que a volatilidade de seus índices de crescimento aponta para a sua crise ainda não superada com reflexo negativo para o conjunto dos paises capitalistas.
Pois bem, os nosso 'doutos' economistas conservadores, acolhidos preferencialmente pela mídia como "especialistas", deixam de lado uma análise da situação que o quadro acima aponta e parece que se esquecem que o nosso país não está fora do contexto mundial e que a busca do crescimento que pregam   estaria nos remédios já experimentados alhures e aqui no Brasil que levaram à quebra da nossa economia por três vezes.
 Faltam-lhes originalidades, pois o Brasil no quadro em  que se apresenta a economia mundial, e apesar da queda do crescimento  no último exercício tem  sustentado índices elevados de emprego e consumo, bem como um  processo exitoso de integração de seu povo e a continuidade das obras de infraestrutura, prevalecendo-se, mais acentuadamente, do nosso grande mercado interno, em face da situação da crise externa  acima exposta. 
 A nossa posição em relação ao câmbio se sustenta com um colchão de reservas do Tesouro em torno de U$ 380 bilhões, possibilitando a atuação do Banco Central , para buscar o equilíbrio em face das manobras externas. Por outro lado, o fato de mantermos a dívida interna imune a dolarização, permite, também, exercer plenamente a nossa soberania neste terreno.
O mercado externo, como se vê acima, não é uma saída para a superação dos entraves do crescimento, pois a situação de sua desaceleração é um fenômeno abrangente na economia mundial.    Nem mesmo a China, nem a Alemanha, países que têm nas exportações seu maior trunfo econômico, minguaram os seus índices, também em face da  presente crise generalizada dos mercados internacionais, inclusive com a queda dos preços das “comódes”
Voltar-se para o mercado interno e impulsionar o nosso processo de investimento e melhoria de produtividade com a regulação dos mercados representa um caminho seguro para evitar a crise e promover crescimento    posto que a “austeridade” nos termos pretendidos pelos economistas conservadores e a mídia  nos levariam fatalmente à quebra financeira  (como no passado), mesmo porque eles apontam sempre para supressão dos investimentos sociais e para  contenção de salários, pela “flexibilização” dos direitos dos assalariados e o congelamento das verbas previdenciárias. Em resumo, pretendem que se abandonem os programas sociais em curso.      Remédios que acabariam por matar o paciente.  
 No limiar do novo quadriênio da Presidenta Dilma se vislumbra uma necessidade de ajustes (como geralmente se prega), mas de nenhuma forma – repita-se à exaustão - que produzam desemprego e inibam os investimentos nas áreas sociais e na eliminação da pobreza, como pregam os arautos dos mercados sem regulação. O bem estar e a vida digna do ser humano deve ser o alvo primordial da economia e do crescimento.

VHCarmo.

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