sábado, 26 de julho de 2014

UM MOMENTO DE POESIA (volta)..


Esta volta ao soneto, depois de algum  tempo  ausente, não implica em distanciamento deste escriba da forma poética por excelência. O soneto, como já  disse, adere-se ao emotivo na métrica greco-romana à rima árabe.    Milagre de síntese, contida em espaço predeterminado.
O  Emílio de Menezes, tido e havido como poeta livre e irreverente,  nem por isso  se afasta da magia do soneto.   Ei-lo   em
                                 
NOITE DE INSÔNIA
 
Este leito que é meu, que é o teu, que é o nosso leito,
onde este grande amor fluiu, sincero e justo,
e unimos, ambos nós, o peito contra o peito,
ambos cheios de anelo e ambos cheios de susto;
 
este leito que aí está revolto assim desfeito,
onde humilde beijei teus pés, as mãos, o busto,
na ausência do teu corpo a que ele estava afeito,
mudou-se, para mim, num leito de Procusto!...
 
Louco e só! Desvairado! -  A noite vai sem termo
e  estendendo lá fora, as sombras augurais,
envolve a Natureza e penetra o meu ermo.
 
E mal jugas talvez, quando, acaso te vais,
quanto me punge e corta o coração enfermo
este horrível temor de que não voltes mais.
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Emílio de Menezes, Curitiba, PR (1867/1918)   VHCarmo.

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